escândalos

Alckmin reduz verba do Metrô e MP investiga fraudes de R$ 47 milhões na companhia

Enquanto o governo tucano reduz em 57% o montante para operação e manutenção do sistema, MP investiga fraude com possível participação de servidores

RBA

Gestão Alckmin precariza a manutenção das composições e põe em risco a população e os trabalhadores

São Paulo – Na mesma semana em que um trem da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) descarrilou entre as estações Artur Alvim e Itaquera, da Linha 3-Vermelha, dados da estatal informam que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) reduziu em 57% os gastos com operação e manutenção do sistema. Em meio a essa contradição, o Ministério Público paulista divulgou hoje (10) uma investigação de fraudes na construção da Linha 4-Amarela, em que o governo pagou cerca de R$ 47,8 milhões por serviços não realizados.

Segundo o MP, o Metrô repassou o montante ao consórcio espanhol Corsan Corviam apesar de as obras da Linha 4 estarem paradas por meses, entre os anos de 2014 e 2015. Em setembro de 2015, o governo Alckmin rompeu com o consórcio, alegando quebra contratual. A estatal garante que os pagamentos “foram liberados somente mediante confirmação dos serviços realizados”.

Os promotores Cassio Conserino e Fernando Henrique de Moraes Araújo, no entanto, obtiveram documentos que comprovariam a fraude, como comprovantes de pagamentos por serviços não prestados, comprovantes de saques em dinheiro e e-mails trocados entre os gerentes da estatal e do consórcio que relatam as fraudes nas medições da evolução física da obra, método utilizado para avaliar o andamento do trabalho.

Os promotores apontaram 30 irregularidades e 50 funcionários da companhia e do consórcio Corsan Corviam. Dentre os crimes a serem investigados estão: fraude em licitação, falsificação de documentos, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. De acordo com a investigação, entre novembro de 2013 e o rompimento do contrato, a Corsan Corviam realizou 3% da obra, mas o governo Alckmin repassou R$ 55,3 milhões, equivalente a 14% do custo total do contrato.

Tira e põe

Enquanto há indício de que houva pagamentos demais numa ponta, na outra os recursos escassearam. O governo Alckmin reduziu o gasto com operação e manutenção das linhas de R$ 110 milhões, em 2014, para R$ 47 milhões em 2016. Já os investimentos em modernização caíram de R$ 409 milhões, em 2014, para R$ 206 milhões em 2015, e R$ 168 milhões em 2016.

A redução com manutenção e operação foi mais severa na Linha 5-Lilás (Capão Redondo-Adolfo Pinheiro), de 87%. Na linha 2-Verde (Vila Madalena-Vila Prudente), o gasto diminuiu 78%. Na linha 3-Vermelha (Corinthians/Itaquera-Palmeiras/Barra Funda), a redução foi de 71%. E na Linha 1-Azul (Jabaquara-Tucuruvi), de 31%.

No ano passado, a RBA noticiou que os trabalhadores da manutenção estavam “canibalizando” trens para conseguir peças para manutenção de outras composições.

Para o Sindicato dos Metroviários, a situação está diretamente relacionada ao aumento dos problemas nas linhas nos últimos anos. Em 2015, foram registradas 92 panes graves, com paralisação do serviço. Até outubro do ano passado, foram 84.