crime organizado

Para pesquisadora, ‘PCC é muito mais que uma estrutura, é uma ideia’

Autora do livro 'Junto e Misturado: uma etnografia do PCC', Karina Biondi diz que organização tende a crescer na mesma proporção do aumento da população carcerária

arquivo/EBC

Organização surge em resposta ao Massacre do Carandiru e para negociar melhores condições nas prisões

São Paulo – Para a antropóloga Karina Biondi, autora do livro Junto e Misturado: uma etnografia do PCC, mais do que a estrutura, a força da facção criminosa está no seu conjunto de ideias. “O que acontece é que o PCC é muito mais que uma estrutura. É uma ideia, uma disciplina, uma ética.”

Em entrevista à Rádio Brasil Atual na manhã desta quarta-feira (11), ela explica que a organização surge como reação ao Massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos, em 1992, em São Paulo. A ideia central era evitar que eventos como esse voltassem a ocorrer. Para isso, pregavam a união entre os presos, para combater o poder público, principalmente as suas ações mais arbitrárias. 

“O PCC é fruto do aprisionamento em massa. Quanto mais se aprisiona, maior fica o PCC. É isso que a gente viu em São Paulo e, agora, no resto do Brasil”, diz Karina. Segundo ela, as mortes em presídios no norte do país nesse início do ano resultam da disputa por espaço contra outras organizações dentro do sistema prisional, mas que a sua definição vai depender mais da adesão à ideologia do grupo do que a força da violência. 

Karina destaca que o PCC se legitima com o que ela chama de “micropolítica”, ao buscar organizar as demandas dos detentos e pressionar por melhores condições dentro das prisões. “No dia a dia, a atuação do PCC é justamente na micropolítica. Negociar junto à direção do presídio maiores horários para liberação da água, ou respeito maior na revista aos visitantes, na qualidade da comida. São pequenas ações na relação entre os presos que constituem a atuação do PCC.”

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