Após desocupação, e sem solução de moradia, sem-teto voltam às ruas do Rio

Famílias foram retiradas na segunda-feira (13) de prédio público no centro da cidade. Ativistas denunciam truculência da Polícia Militar

Polícia Militar em frente ao antigo prédio do INSS, no Rio de Janeiro (Foto: Lucas Duarte de Souza )

São Paulo – Após a desocupação efetuada pela PM carioca e sem propostas oficiais para ofertar alguma solução para o caso, as 23 famílias sem-teto retiradas do prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no centro do Rio, na segunda-feira (13), voltaram para as ruas.

As informações foram dadas por Vladimir Lacerda Santa Fé, militante do Grupo de Educação Popular (GEP). “As famílias foram jogadas para fora e o prédio, continua vazio”, criticou.

Por volta das 7h da segunda-feira (13), o grupo de sem-teto ocupou o prédio do INSS da avenida Mem de Sá pacificamente, monitorados desde o início da ação por soldados do 13º Batalhão da PM local.

No início da tarde, porém, os policiais – com o acréscimo de uma unidade da Tropa de Choque –  fecharam parte da pista e iniciaram a desocupação.

Segundo Santa Fé, houve violência desnecessária por parte da polícia. “Companheiros foram presos com alegação de desobediência civil, jatos de spray de pimenta foram jogados contra os militantes e aconteceram cárceres sem motivos”, afirmou.

Sobre a entrada da Polícia no prédio durante o despejo, o ativista comparou o ato a “terrorismo”. “Quando arrombaram a porta, sem nenhum tipo de ordem judicial, anunciaram que iam quebrar tudo. Saímos como lixo, tratados como bandidos da pior espécie.”

O destino das famílias é incerto. O prédio em questão já havia sido ocupado no ano passado e continua sem função social há mais de 20 anos. Não há previsão de negociações entre nenhuma das instâncias de governo e o movimento dos sem-teto.

Procurada pela Rede Brasil Atual, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro (SSRJ) não quis comentar a ação policial, alegando que as ordens para a desocupação foram de responsabilidade da Prefeitura. Já a Polícia Militar informou, por meio de assessoria, que a Tropa de Choque só foi chamada para conter a invasão.

Em São Paulo houve situação semelhante, quando no mês passado aproximadamente 400 pessoas foram desapropriadas de um antigo prédio do INSS e permaneceram acampadas por mais de 20 dias em frente à Câmara Municipal.