Parada do Orgulho LGBT reúne 3,5 milhões

Com presença de lideranças políticas, sindicatos e muitos curiosos, ativistas reivindicam direitos iguais e o fim da homofobia

Avenida Paulista, domingo, às 14h: Parada Gay reúne 3,5 milhões (Foto: Gerardo Lazzari/Seeb-SP)

Muito mais que um dia de festa, a 13ª  edição da Parada do Orgulho LGBT foi um dia de protestos. Gritando frases de repúdio a homofobia, os participantes do evento pediam a aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo e o fim da violência.

Segundo a Secretaria de Participação e Parceria de São Paulo, todos os dias pelo menos um caso de violência ou preconceito contra homossexuais é registrado diariamente na cidade. São ocorrências de agressão, morte e discriminação, como a do professor de Suzano, João Carlos Siqueira, de 36 anos. Ele foi assassinado no dia 6 de junho a facadas. 

A irmã do professor, Rita Siqueira, acredita que ele tenha sido vítima de crime de homofobia e aproveitou a parada gay para protestar e chamar a atenção da sociedade. “Estamos aqui pelo descaso, porque já se passou uma semana e a polícia não fez nada até agora”, lamenta. “O que a gente está recebendo é um tratamento homofóbico, porque ele era homossexual assumido, tinha uma vida digna, uma pessoa direita”, completa.

O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais diz que casos como o do professor de Suzano ainda acontecem muito no Brasil. Toni Reis diz que a Parada LGBT é justamente para chamar a atenção para esses crimes, que segundo ele, são fruto do preconceito. “Nós, homossexuais éramos queimados na fogueira na Idade Média; depois, fomos tratados como criminosos; e até 1990, éramos tratados como doentes”, relembra. “Só agora, nos últimos 19 anos, é que trabalhamos a questão de sermos cidadão e cidadã. Então, é muito do rescaldo cultural que gera preconceito e discriminação.”

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também participou da Parada do Orgulho com três carros de som dos sindicatos filiados. Como ocorre todos os anos, a CUT de São Paulo pediu igualdade de oportunidade nas empresas para trabalhadores homossexuais. “As categorias mais machistas ainda não dão aos LGBT o direito de ter o parceiro em suas reivindicações, ou seja, na previdência social, na assistência médica e odontológica”, afirma o vice-coordenador do coletivo LGBT da entidade, Marcos Rodrigues. “É esta nossa luta, para que seja incorporada, nos acordos coletivos das categorias, esses mesmos direitos dos heteressexuais”, sustenta.

O coletivo LGBT da CUT também pediu a aprovação imediata do projeto que reconhece a união civil dos homossexuais. Para a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, defensora de longa data desse direito, ainda há muita resistência no congresso nacional contra a união civil homossexual. “Mesmo quando eu era deputada e o projeto foi a votação no plenário, nós o retiramos por algumas vezes, porque contamos e vimos que a bancada conservadora iria derrotar o projeto”, relembra. Para ela, a situação piorou, porque aumentou o número de parlamentares contrários à medida. “Então, enquanto não for feito um projeto que dialogue com essa bancada ou que elejamos pessoas que possam fazer frente a essa situação, não vamos passar uma lei [a respeito]”, avalia.

Segundo a organização da Parada do Orgulho LGBT, cerca de 3,5 milhões de pessoas compareceram ao evento. O custo total da parada foi de quase novecentos mil reais, bancados com patrocínio da Caixa Econômica Federal, pela Petrobrás e da prefeitura de São Paulo. Segundo a SP Turismo, o evento atraiu mais de 400 mil turistas, oriundos de várias partes do mundo e diversos estados brasileiros. A empresa calcula que a parada gere uma receita de R$ 200 milhões para a cidade.