Filme usa música pop como condutora para o fim do mundo

Keira Knightley e Steve Carell, em cena que usa canções de grande sucesso para embalar reflexão leve sobre prioridades da vida (© divulgação) “Esse é o fim do mundo. Sim, […]

Keira Knightley e Steve Carell, em cena que usa canções de grande sucesso para embalar reflexão leve sobre prioridades da vida (© divulgação)

“Esse é o fim do mundo. Sim, nós sabemos e eu me sinto bem” (“It’s the end of the world. Yes, we know it, but I feel fine”) cantou a banda norte-americana REM, em 1987, na música que poderia muito bem fazer parte da trilha musical da cativante comédia romântica “Procura-se um amigo para o fim do mundo”, que estreou na sexta-feira (31) nos cinemas brasileiros e tem, na música pop, a principal condutora da narrativa.

Dirigido por Lorene Scafaria, “Procura-se um amigo para o fim do mundo” começa com o personagem principal, Dodge (Steve Carell), ouvindo o rádio do carro, quando o locutor anuncia que um meteoro se aproxima rapidamente da Terra e que em pouco tempo o planeta será, inevitavelmente, destruído. Para acompanhar a notícia, escuta-se o sucesso psicodélico dos anos 60, “Wouldn’t It Be Nice”, dos Beach Boys. Também serão ouvidas canções de, entre outros ícones: INXS (“Devil Inside”), The Walker Brothers (“The Sun Ain’t Gonna Shine (Anymore)” e “Stay With Me”) e The Hollies (“The Air That I Breathe”), entre outros.

Dodge será abandonado pela esposa e ficará em casa, acompanhando o caos, até conhecer a vizinha Penny (Keira Knightley), que fugirá com ele levando apenas alguns de seus discos preferidos embaixo do braço e por quem acabará se apaixonando. Nessa espécie de ‘roadie movie’, os dois personagens também procurarão aproveitar o fim do mundo para passar a limpo, de modo bastante leve, seus passados e reencontrar pessoas importantes que não viam há algum tempo. Para, mais no final, aparecer que se deseja apenas passar o último verão ouvir David Bowie girando no toca-discos. Nada mais de acordo.

É verdade que o filme possui alguns equívocos e erros – alguns beirando o absurdo. Mas há algumas ótimas cenas, como a da despedida de um apresentador de telejornal. No fim das contas, “Procura-se um amigo para o fim do mundo” é cativante na medida certa, sem cair para pieguices banais e leva o espectador a refletir a respeito da possibilidade de se viver com mais leveza, entregando-se à vida sem amarras.

Em tempo: David Bowie, o “camaleão britânico”, tem em sua obra uma canção que não faz parte da trilha sonora, mas que descreveria muito bem o filme. Em Life on Mars, Bowie canta: “It’s a God awful small affair / To the girl with the mousy hair / But her mummy is yelling ‘No!’ / And her daddy has told her to go / But her friend is no where to be seen / Now she walks through her sunken dream / To the seats with the clearest view / And she’s hooked to the silver screen, / But the film is sadd’ning bore / For she’s lived it ten times or more / She could spit in the eyes of fools / As they ask her to focus on / Sailors fighting in the dance hall”.

“É um romance pequeno e terrível / Para a garota com o cabelo castanho claro / Mas a mãe dela está gritando ‘Não’ / E seu pai a mandou ir embora, / Mas o amigo dela não está em lugar algum / Agora ela anda através do seu sonho submerso / Para o assento com a melhor vista / E ela está vidrada na tela prateada, / Mas o filme é tristemente chato / Pois ela o viveu dez vezes ou mais / Ela poderia cuspir nos olhos dos tolos / Quando eles pedissem para ela se concentrar nos / Marinheiros brigando no salão de dança”.

A conferir.

[email protected]