Rodrigo Rodrigues reúne a música pop rock do cinema em almanaque

Com a proposta de criar um despretensioso guia de canções do universo pop que ajudaram a contar histórias na telona, o jornalista, guitarrista da banda The Soundtrackers e apresentador de […]

Com a proposta de criar um despretensioso guia de canções do universo pop que ajudaram a contar histórias na telona, o jornalista, guitarrista da banda The Soundtrackers e apresentador de televisão Rodrigo Rodrigues acaba de lançar “Almanaque da Música Pop no Cinema”, muitíssimo bem ilustrado e com centenas de curiosidades a respeito de várias produções que fizeram muito sucesso no cinema, também em função das músicas.

O livro traz uma boa introdução que apresenta o surgimento da música no cinema, dando o merecido destaque para “O Cantor de Jazz”, dirigido por Alan Crosland, em 1927, e estrelado por Al Jolson. Também homenageia roqueiros que estrelaram seus próprios filmes, caso de Elvis Presley (com sequências como a de “Jailhouse rock”, considerado um dos primeiros videoclipes da história), Beatles (que são as principais estrelas do livro e tema de vários filmes, como “Os cinco rapazes de Liverpool”, além do que eles próprios estrelaram) e Prince (“Purple Rain”).  Mas sente-se falta de Bill Haley & His Comets (com o grande sucesso “Rock Around The Clock”) e os denominados “reis do pop” Michael Jackson e Madonna, que aparece apenas em “Em Busca da Vitória”. 

Há destaque para personagens que foram acompanhados em suas séries de filmes por músicas empolgantes, como Batman, Rocky (o sucesso “Eye of the Tiger” foi lançado apenas no segundo filme) e 007 (o primeiro rock que embalou o agente secreto foi composto por Paul McCartney para o filme “Live and Let Die”).

Rodrigo Rodrigues não deixou de fora trilhas musicais especialmente criadas para alguns filmes e que tornaram seus criadores extremamente famosos. Esse foi o caso de “A Primeira Noite de Um Homem”, com as músicas da dupla Simon & Garfunkel. Há também espaço para filmes que reuniram vários clássicos do rock, como “Sem Destino – Easy Rider”, “Forrest Gump – O Contador de Histórias” e “Pulp Fiction – Tempos de Violência”. Mas aqui sente-se falta, por exemplo, de “Apocalyse Now” e de filmes mais recentes, como “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, “A Pequena Miss Sunshine” e “500 Dias Com Ela”.

Além dos Beatles, o grande herói do livro é o ator John Travolta. Primeiro, ele fez grande sucesso como o dançarino Tony Manero numa das trilhas mais vendidas da história – Os Embalos de Sábado à Noite passaram os 40 milhões de exemplares – e que tornou célebres a discoteca e os Bee Gees, que ocuparam mais da metade do disco. Depois, ele contracenou com Olivia Newton-John no badalado “Grease – Nos tempos da brilhatina”. Por fim, apareceu tempos depois em “Pulp Fiction – Tempo de Violência”.

Já o diretor preferido do autor parece ser Robert Zemeckis, pois dele aparecem “Febre da Juventude” (1978), cultuado documentário sobre a beatlemania, sem a presença dos Beatles; a trilogia “De Volta para o Futuro”; e o inesquecível “Forrest Gump”.

As cinebiografias ocupam posição de destaque, desde “A História de Buddy Holly” até “Ray” e “Johnny & June”, passando por “La Bamba”, “A Fera do Rock”, “The Doors” e “Tina”. É claro que não ficaram de fora os cultuados filmes de dança da década de 1980, como “Fama”, “Flashdance”, “Footloose – Ritmo Louco” e “Dirty Dance – Ritmo Quente”; e nem os grandes campeões de bilheteria e venda de discos, como “O Guarda-Costas” e “Titanic”.

Com um texto extremamente fluente e informações curiosas, divertidas e importantes para todos os amantes da música e do cinema, o livro traz um ótimo projeto gráfico, típico dos almanaques que lotam as livrarias desde meados da década passada, mas deixa algumas lacunas, que, não comprometem o resultado final do almanaque, mas pedem uma reedição, como garante o próprio autor, Rodrigo Rodrigues, em entrevista para a Rede Brasil Atual. Leia a seguir:

Quais foram seus critérios para selecionar os filmes que entrariam ou não no livro?
Essa primeira edição do livro é muito em cima do repertório dos Soundtrackers, minha banda de trilhas de cinema. Temos quase 100 músicas prontas, o que é praticamente a base do almanaque. Pra complementar, entraram trilhas de sucesso que não funcionariam muito nos nossos shows, como as de TITANIC e GUARDA-COSTAS.

Quais você considera que foram as principais descobertas de seu livro?
Pra citar algumas: o desejo dos produtores de TITANIC era contar com a cantora Enya para gravar a trilha, o que acabou ficando com Celine Dion; que a música “Don’t you forget about me”, grande sucesso do Simple Minds, foi composta especialmente para o CLUBE DOS CINCO; e que Val Kilmer enganou o diretor Oliver Stone mandando uma fita demo pra ficar com o papel de Jim Morrison em THE DOORS.

Rede Brasil Atual – E o que o leitor poderá encontrar nele de mais prazeroso?
Rodrigo Rodrigues – Acho que o livro acabou virando uma espécie de guia, um cardápio de filmes e trilhas bacanas… e as curiosidades são o tempero da coisa toda.

Você acredita que haja a possibilidade de um volume dois? É um desejo seu?
Não sei se seria um caso de um “volume 2”, e sim de um update, uma versão revista e ampliada nas próximas edições.

Por que começar com os filmes estrelados por Elvis Presley e não pelos que estouraram “Sementes da Violência” (1955) e “Ao Balanço das Horas” (1956) – com trilhas de Bill Haley & His Comets?

“Balanço das Horas” (Rock Around de Clock) é do mesmo ano de “Love me tender”, do Elvis. Achei mais simbólico marcar o Rei do Rock como “turning point” da coisa toda, até pela quantidade de filmes com trilhas bem sucedidas que ele emplacou, trilhando a estrada da música pop no cinema e apontando o caminho para outros artistas, como os Beatles. Só pra constar, “Rock around de clock” está previsto para a primeira atualização do almanaque.

Por que foi dado tão pouco destaque aos filmes com canções e/ou estrelados pelos denominados “reis do pop” Michael Jackson e Madonna?
“Moonwalker” tá mais pra videoclipe gigante do que pra filme, uma desculpa cinematográfica pra desfilar os hits do cantor. Madonna está representada no livro pela trilha de “Vision Quest”, com a música “Crazy for you”.

Por que você optou por ficar tão concentrado nos anos 80? E por que não houve espaço para produções nacionais, filmes realizados por diretores de videoclipes, como Michel Gondry e Jonathan Dayton, e para documentários musicais?
O grande casamento da música pop com o cinema aconteceu nos anos 1980, é claramente um “antes e depois”, foi uma época em que os produtores dos filmes buscavam nos artistas um jeito de turbinar as bilheterias usando hits radiofônicos. Esse livro, literalmente, é uma obra aberta. Quem sabe o que pode pintar nas próximas edições?

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