Premiado romance de Ian McEwan, que estará na Flip, ganha tradução no Brasil

Ian McEwan, escritor britânico, está entre os destaques da edição 2012 da Flip (©Annalena McAfee/divulgação) O escritor britânico Ian McEwan deverá ser uma das atrações mais badaladas da Festa Literária […]

Ian McEwan, escritor britânico, está entre os destaques da edição 2012 da Flip (©Annalena McAfee/divulgação)

O escritor britânico Ian McEwan deverá ser uma das atrações mais badaladas da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa na próxima quarta-feira (4). O romancista vem ao evento pela segunda vez, agora para participar da mesa “Pelos Olhos do Outro”, no sábado (7), ao meio-dia, junto com a escritora Jennifer Egan, com mediação de Arthur Dapieve. 

McEwan aproveita o momento em que o seu fantástico “Amsterdam”, romance vencedor do Booker Prize, em 1998, finalmente ganha uma tradução no Brasil, lançada pela Companhia das Letras. A obra traça um ácido e surpreendente retrato da música erudita contemporânea e das artimanhas do mundo jornalístico.  

A narrativa começa com dois amigos, o compositor Clive Linley e o jornalista Vernon Halliday, se encontrando no velório de Molly Lane, que foi amante dos dois e que havia se casado com George, um marido “casmurro e possessivo”. O escritor a descreve: “crítica de gastronomia, mulher bela e espirituosa, fotógrafa, a ousada jardineira que fora amada pelo ministro das Relações Internacionais e ainda era capaz de dar um salto-mortal de lado aos quarenta e seis anos de idade”.

Gostando de submeter seus repórteres às mais variadas regras gramaticais, Vernon é editor do jornal “Judge”, que está com quedas vertiginosas de vendagens, o que o leva a procurar de qualquer maneira algum grande furo de reportagem capaz de reverter essa situação. Ian McEwan destila um humor ácido, quando outro jornal critica seu personagem: “Parece ter escapado à atenção do editor do Judge que a década em que vivemos não se assemelha à anterior. Naquela época, o lema era ‘cada um por si’, enquanto a cobiça e a hipocrisia campeavam. Agora impera um espírito mais razoável, mais compassivo e tolerante, à luz do qual as preferências privadas e inofensivas de cada indivíduo, por mais pública que seja sua imagem, não importam mais a ninguém”.

Clive Linley aparece na mansão que herdara de um tio rico, envolvido na criação da “sinfonia do milênio”, como foi denominada pela imprensa. “Certas celebridades passaram por lá. John Lennon e Yoko Ono ficaram uma semana. Jimi Hendrix uma só noite, mas foi provavelmente responsável por um incêndio que destruiu os corrimões”, narra McEwan.

O autor aproveita o personagem também para emitir opiniões a respeito do mundo artístico, elevando os escritores à condição de os piores: “Tinha diversos amigos que usavam o expediente de se passarem por gênios quando interessava, deixando de comparecer a um ou outro evento por crer que as dificuldades assim causadas apenas aumentariam o respeito pela natureza imperativa de sua vocação artística”.

Ian McEwan, portanto, cria uma trama envolvente e surpreendente em seu mais premiado romance, “Amsterdam”, no qual aproveita para retratar o universo masculino e o mundo das artes, da imprensa e da política, com uma lupa, visualizando suas qualidades, mas dando destaque para seus problemas, egocentrismos e atitudes nem sempre muito corretas eticamente. Portanto, escutar o escritor britânico no sábado, 7 de julho, na Flip, será uma oportunidade rara de se aproximar do universo fantástico da melhor literatura contemporânea.

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