Banda Hidrocor retrata romance de geração em CD de estreia

Hidrocor representa a música alternativa com uma mistura de folk e power pop (Foto: Divulgação) O álbum de estreia do duo paulistano Hidrocor, formado pelo vocalista, compositor e violonista Marcelo […]

Hidrocor representa a música alternativa com uma mistura de folk e power pop (Foto: Divulgação)

O álbum de estreia do duo paulistano Hidrocor, formado pelo vocalista, compositor e violonista Marcelo Perdido e pelo baterista Rodrigo Caldas, “Edifício Bambi”, pode ser ouvido e “lido” como um romance da geração que nasceu entre a segunda metade da década de 1970 e a primeira da década de 1980. A sonoridade remete aos efeitos dos brinquedos dessa época, com algumas pitadas experimentais e letras repletas de referências.

“Edifício Bambi” abre o álbum de mesmo nome, com uma batida bastante animada, que remete as fanfarras de escola, algo retomado pelo norte-americano Zach Condon e sua orquestra Beirut. A sonoridade bastante alegre contrasta com uma letra típica de dor-de-cotovelo, de quem sente a ausência da namorada em casa: “Eu sinto a sua falta / Eu sinto a sua presença, / Eu olho um pouco em volta, / Eu noto a diferença / É você não tá aqui”.

“Você Só Pode Estar Brincando” conta com vários trocadilhos para demonstrar o desejo do vocalista e compositor Marcelo Perdido em formar uma banda para conquistar uma garota. Numa letra bem esperta, ele descreve a prática da denominada “air guitar”: “Eu toco bateria todos os dias / Dentro da minha cabeça, / Sai sons de guitarra / Quando minha mão esbarra em cordas invisíveis no ar, / Isso se chama air guitar, / E eu queria ter uma banda para te tocar”. Para concluir, com todo o duplo sentido possível e em meio a uma sonoridade bem pop, a la bandas de rock dos anos 1960, como a representada no filme “The Wonders – O Sonho Não Acabou”, dirigido por Tom Hanks, em 1996: “Eu acho que isso é baixo de mais / Para cantar alto”.

“Listras e Xadrez” mistura uma pegada Los Hermanos com uma sonoridade típica da Jovem Guarda e dos filmes dirigidos por Roberto Farias para Roberto Carlos, para retratar a necessidade de se retomar o namoro: “Quero ser blasé e acho que você também, / Eu acho que sabemos bem o que ambos queremos ser / Eu não sei quanto a você, mas eu quero ficar de bem, / Pois já não fico sem um romance démodé”.

Com as pazes feitas, a romântica “Planos Pro Ano Que Vem” mostra o casal vivendo cenas bem cotidianas, numa sonoridade marcada pela bateria Rodrigo Caldas e por efeitos psicodélicos: “Não precisa ser meu amigo a força, / Mas entendo se quiser lavar a louça, / Ajudar nunca tirou pedaço de ninguém. / Acho que é bem melhor vestir a roxa, / Essa lilás no corpo ficou frouxa, / Emagrecer ficou nos planos do ano que vem”.

A separação retorna em “Urso Bipolar”, que conta com os vocais de Tatá Aeroplano (autor do release), com efeitos que lembram os sons do videogame Atari e com letra que brinca com a sonoridade das palavras com a sílaba “bi”: “Por trás de um óculos bifocal, vendo um mundo bicolor, um coração bidirecional, como um avião bimotor (…) Outra vez binária a solidão, / Sem seu amor do bimestre”.

Nada mais típico dessa geração do que um novo encontro com direito a “passeio” pelos canais da televisão, um bom vinho e “Miojo” (título da canção) como rango, com direito aos vocais da recifense Lulina: “Água no fogão / Três minutos / Coração aguenta, / Dispensei o saca-rolha. / Consegui abrir na mão de boa”.

A felicidade, com um tom trágico, transparece em “Boa Nossa”, com mais efeitinhos retrôs e os vocais de Luana Lins e Zé Coelho: “A vida é um mini game de Antônio, / Uma parede cor de azul, / Um cachorrinho com dobrinhas / E um japonês mostrando a língua”. Essa alegria segue nas folks “Tchu Tchu Tchu”, com percussão de Matheus Prado, e “Descolorindo”, que conta com o banjo de João Erbetta, que lista várias cores para concluir: “Se me perguntam, como eu vou indo, / Respondo sorrindo: vou descolorindo”.

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