‘Vovó Rock And Roll’ valoriza a aceitação do diferente para crianças

“Vovó Rock And Roll” (foto) é o primeiro livro direcionado às crianças que recebe, merecidamente, espaço no “Curta Essa Dica”. Não que isso não possa ocorrer outras vezes. Mas é que […]

“Vovó Rock And Roll” (foto) é o primeiro livro direcionado às crianças que recebe, merecidamente, espaço no “Curta Essa Dica”. Não que isso não possa ocorrer outras vezes. Mas é que esse livro escrito pela jornalista, dramaturga e historiadora Paula Autran, trata de um tema muito importante – os estereótipos e o ser diferente -, por um viés insuspeito – o da avó.

O enredo gira em torno de Cecília – curiosamente, o nome da sobrinha da autora -, que é convocada pela professora a escrever sobre alguém querido, que não seja nem o pai, nem a mãe. Ela, assim como todos os colegas, escolhem a avó. Porém, após o entusiasmo inicial, a garota fica surpresa e chateada ao descobrir que não tem uma avó como as outras. 

O estereótipo que aparece até na placa do metrô leva a garota a se questionar se a avó dela é de verdade, uma vez que não usa chinelo, mas All Star; não usa vestido, mas calça jeans; não faz crochê, mas toca violão, guitarra e harpa; não canta cantiga de ninar, mas rock and roll; e não faz bolos, só pipocas. O final ainda reserva uma surpresa metalinguística, que prova como Cecília foi obrigada a rever todos os seus conceitos.

O projeto gráfico também é interessante, misturando desenhos que parecem feitos pela personagem principal com outros efeitos gráficos, como retângulos e quadrados com bordas vermelhas; e ilustrações que lembram, por exemplo, folha de papel de caderno amassada. A autora é a artista plástica e arte-educadora Natalia Lemos, que escapa dos desenhos bonitinhos e bem alinhados da maioria dos livros infantis, optando por algo mais “sujo” e de acordo com o tema do livro.

Numa união muito bacana de imagens e texto, “Vovó Rock And Roll” mostra para as crianças como é preciso escapar dos convencionalismos e estereótipos, e valorizar as pessoas não pelas aparências, mas pelo que elas são de fato. Mais atual, impossível. Um recado certeiro para uma geração que já nasce em contato com as redes sociais e tentando se adaptar a uma tribo para se sentir parecido – e não diferente dos demais.

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