Cris Cabianca traz misticismo e sofisticação em álbum de estreia

Capa do primeiro álbum solo da cantora Cris Cabianca (©Reprodução) Ousadia e sofisticação são os dois adjetivos mais apropriados para definir o álbum de estreia da cantora paulistana Cris Cabianca, […]

Capa do primeiro álbum solo da cantora Cris Cabianca (©Reprodução)

Ousadia e sofisticação são os dois adjetivos mais apropriados para definir o álbum de estreia da cantora paulistana Cris Cabianca, conhecida pela participação nos musicais “West Side Story”, “Cinderela”, “O Jardim Secreto”, “Pluft, o Fantasminha”, “My Fair Lady” e “Hair”. Mas eles não são suficientes para descrever um trabalho que mistura uma sonoridade delicada e, ao mesmo tempo, sombria com a voz doce da artista, os arranjos cristalinos de Corciolli e as letras marcadas por boa dose de misticismo.

Ex-aluna do Broadway Dance Center, em Nova York, Cris Cabianca, especialista em musicoterapia e atualmente residente em Los Angeles, abre o álbum homônimo com um tributo a Iemanjá, “Canto das Sereias”. Além dessa, ela é autora de seis das dez canções. Outras duas são de Corciolli, também responsável pela produção. São elas, “Entardecer”, que é um misto de canto gregoriano com música eletrônica; e a romântica “Se Esquece em Mim”.

Ele também fez o arranjo para a tradicional canção inglesa “Scarborough Fair”, aqui numa espécie de versão bossa nova e que chamou muita atenção ao ser gravada por Simon & Garfunkel e entrar na trilha musical do filme “Primeira Noite de Um Homem”.  Uma das faixas que melhor apresentam o trabalho é a bonita balada: “Eu tenho saudades de casa / Eu tenho saudades do mundo / De um tempo passado / Dos dias futuros / De todas as coisas que eu nunca vi”. 

Na new bossa nova “Só Com Você”, Cris Cabianca mistura inglês com português e recupera um pouco o estilo cristalino de cantoras dos anos 1990, como Marisa Monte e Vanessa Rangel. Em “Flores da Terra”, a letrista relaciona a chegada do amor e a cura da dor às pedras – diamante, esmeralda, crisocola, selenita, citrina, cobre, prata e jade. A mistura é a tônica de “Tango do Fogo”, que apresenta um tango mais eletrônico e percussivo. E a música sertaneja marca “Estradas de Nossas Vidas”. 

A penúltima canção, antes de “Scarborough Fair”, é a animada e eletrônica “Plêiades”, marcada também pela letra de tom místico: “Oito sóis, irmãos no brilho / Alcione em pleno giro / Vai girar a chave da criação / Eu vejo as Plêiades descendo na Terra / Trazendo do cosmos amor e perdão / De longe estrelas enviam mensagem / Em mil carruagens de radiação”. Comprova-se, portanto, que no caldeirão dessa artista pode entrar quaisquer ritmos musicais, sempre preservando a busca por uma marca autoral, o que exige certo grau de qualidade.

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