Cantora Luzia estreia em CD com aposta na delicadeza e no mar

Capa do primeiro CD de Luzia Dvorek: delicadeza como marca (©Reprodução) A estreia da cantora paulista Luzia Dvorek acontece cercada de expectativas, que são correspondidas à altura. O álbum homônimo […]

Capa do primeiro CD de Luzia Dvorek: delicadeza como marca (©Reprodução)

A estreia da cantora paulista Luzia Dvorek acontece cercada de expectativas, que são correspondidas à altura. O álbum homônimo é marcado principalmente pela delicadeza e pela voz mansa e cristalina da socióloga, filha de artista plástico e diretora teatral, que chamou atenção ao chegar à semifinal de um festival de música realizado pela TV Cultura.

O talento é inquestionável e já foi devidamente reconhecido até pelo inglês Sting, que teve o sucesso “Fields of Gold” transformado na versão “Ouro e Sal”, escrita por Zeca Baleiro e Lui Coimbra, que é uma das faixas mais contagiantes do disco.

Produzido por Alê Siqueira, o álbum é bastante diversificado e foi registrado no estúdio Ilha dos Sapos, em Salvador (BA), pertencente a Carlinhos Brown, que participa de “Cantiga de Menina”, de Breno Ruiz e Paulo Cesar Pinheiro,e que começa com o ruído das ondas do mar. Considerado espécie de padrinho do trabalho, Brown também é o compositor da faixa seguinte “Pestaneja”, que remete ao cantar de artistas como Vanessa da Mata. O universo percussivo nordestino, com referências ao mar e à ciranda, aparece também em “Minha Sorte”, de Rafael e Rita Altério. 

Há também uma pegada mais delicada em “Ilusão da Casa”, de Vitor Ramil: “As imagens descem como folhas/ No chão da sala/ Folhas que o luar acende/ Folhas que o vento espalha/… / Eu sei/ O tempo é o meu lugar/ O tempo é minha casa/ A casa é onde quero estar”. É o mesmo que se sente na linda regravação “De Amor Eu Morrerei, de Dominguinhos e Anastácia, transformada quase numa cantiga para ninar, marcada pela sanfona de Marcelo Jeneci, e na romântica “Pássaro Solto”, de Vicente Barreto e Paulo César Pinheiro: “O que eu sei de amor não saberia/ Sem um trecho de poesia/ Sem um verso de canção”.

Marcelo Jeneci também toca teclados em “Amador”, marcada por uma emocionante veia oriental, graças aos gongos melódicos de Sergio Reze (que toca bateria em outras faixas), ao koto e shamisen shen de Tamie Kitahara, e o shakuhachi de Shen Ribeiro. O que comprova a grande preocupação de Luzia com a musicalidade das canções, cercando-se de ótimos instrumentistas, caso do arranjador Lincoln Olivetti, do violonista Paulo Dáflin, do percussionista Boghan Gaboott, do tecladista Bruno Aranha e do flautista Uibitu Smetak, entre outros. 

André Mehmari é outro convidado como tecladista de “Choro das Águas”, que também conta com a participação especial de Ivan Lins, que a compôs com Vitor Martins: “Esse meu choro não cabe no peito/ Arde por dentro e rola na face/ Molha por fora e estraga o disfarce/ Lava esse coração”. O álbum termina com o forte coro feminino da graciosa “No Colo da Lua Cheia/ Novo Amor”, de Roque Ferreira, Edu Krieger e Paulo Dáfilin, que toca violões: “Com a cara e a coragem/ Meu coração foi embora/ Meu coração coroado/ No colo da lua cheia/ Presa do fogo encantado/ Caiu no canto de uma sereia”.

 [email protected]