Filme brasileiro ‘Desaparecidos’ utiliza transmídia

Foi numa mesa de debates do Festival de Cannes que o diretor brasileiro David Schurmann, integrante da primeira família brasileira a circunavegar o mundo em um veleiro (a história foi […]

Foi numa mesa de debates do Festival de Cannes que o diretor brasileiro David Schurmann, integrante da primeira família brasileira a circunavegar o mundo em um veleiro (a história foi contada em livros e filme) ouviu falar pela primeira vez no conceito de “transmídia”. Ao retornar ao país, na época da Copa do Mundo de 2010, achou curioso o episódio do movimento “Cala boca, Galvão (Bueno, locutor esportivo da TV Globo)”, que convenceu muitas pessoas mundo afora de que a frase fazia parte de uma campanha pela proteção de um pássaro em extinção.

Schurmann teve então a ideia do filme “Desaparecidos”, que chegou aos cinemas no final de semana passado. “Vamos fazer uma intervenção artística argumentativa, produzindo um filme que instigue os espectadores a se perguntarem se o que eles estão vivenciando realmente é verdade. Um filme que se inicie fora das telas do cinema, nas ruas digitais da internet. Um filme que questione a credibilidade das informações em uma geração carente de investigação e fontes seguras”, explica, no site do projeto.

A “transmídia” sobre a obra começou um ano antes de o filme ser lançado, com perfis dos personagens criados no Facebook, junto com outros perfis fictícios que visavam divulgar informações pertinentes aos acontecimentos que rodeavam a situação abordada pelo filme, como forma de estimular a curiosidade do público. O recurso não é novidade e tem se tornado cada vez mais comum na divulgação de filmes nos Estados Unidos e também em campanhas publicitárias, para descobrir as vontades e desejos dos consumidores.

Dentro do mesmo conceito, foi criado o personagem Lenhador Cara de Pau, que também ganhou perfil no Facebook e um canal no Youtube, em vídeos onde questionava a sociedade e divulgava cenas dos desaparecidos do filme. É aí que começa o enredo propriamente dito, pois os tais seis desaparecidos eram um dos mais de 6 mil presentes numa festa VIP, realizada em Ilhabela, no litoral de São Paulo, e divulgada pela mesma rede social. Houve também uma corrente de e-mails comunicando o tal sumiço.

Com a expectativa criada, o filme de suspense e terror “Desaparecidos” chegou aos cinemas, adotando o formato “mockumentary”, que mistura documentário e ficção, no qual o espectador acredita que as imagens são reais. De acordo com os realizadores, esse é o primeiro longa-metragem brasileiro do gênero. Resta descobrir se, além de tanto suspense e instrumentos paralelos de divulgação, a realização cinematográfica convence e prima pela qualidade.

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