Fabiana Cozza lança CD e encontra Roberto Mendes em São Paulo

Fabiana Cozza recupera a força de sambistas como a mineira Clara Nunes e canta sambas de Paulo César Pinheiro e outros compositores (Foto: Fernanda Grigolin/Divulgação) A sambista paulistana Fabiana Cozza […]

Fabiana Cozza recupera a força de sambistas como a mineira Clara Nunes e canta sambas de Paulo César Pinheiro e outros compositores (Foto: Fernanda Grigolin/Divulgação)

A sambista paulistana Fabiana Cozza está com tudo e dá muita prosa. Ela acaba de lançar o terceiro e homônimo álbum, uma produção independente, e, no sábado (12), se apresentará com o violonista, compositor e intérprete Roberto Mendes, na Galeria Olido, na região central de São Paulo. Com entrada franca, o show começa às 18h. 

Vinicius de Moraes declarou que a capital paulista é o “túmulo do samba” e pode ter se arrependido depois. Mas essa deslumbrante cantora ajuda a provar o contrário.

Numa época em que há cantoras que acreditam que gritar é sinônimo de cantar bem, Fabiana Cozza recupera a força de sambistas como a mineira Clara Nunes. A prova está em “Candeeiro de Deus”, de Roque Ferreira, e em “São Jorge”, de Kiko Dinucci: “Guerreiro é no lombo do meu cavalo / Bala vem, mas eu não caio / Armadura é proteção / Avanço sob a noite iluminado / Luto sem pestanejar / Recuo sem me esforçar / Na guarnição”.

Não é à toa que o compositor de muitos sucessos de Clara Nunes, Paulo César Pinheiro, rasga elogios a paulistana no encarte do CD: “Uma das vozes mais bonitas surgidas nos últimos tempos, de timbre personalíssimo, Fabiana veio pra ficar. Chegou com responsabilidade. Escolhe o repertório que quer. Sabe o que pretende mostrar. Vê-se sua mão guiando o seu trabalho. Tem firmeza. Tem postura. É séria”.

Fabiana Cozza é realmente muito séria e um ótimo exemplo de amor à arte. Mesmo com o projeto do álbum aprovado na Lei Rouanet – que oferece incentivos fiscais a empresas dispostas a patrocinar a iniciativa –, ela não conseguiu captar os recursos necessários. Nem por isso desistiu.

Tratou de convocar para se juntar a ela um dos melhores diretores e produtores musicais, o carioca Paulão 7 Cordas, responsável por álbuns das velhas guardas da Portela e da Mangueira. “Conhecer a Fabiana me trouxe de volta uma antiga convicção. A convicção de que a nossa música popular é uma fonte inesgotável de grandes intérpretes”, escreveu o produtor no mesmo encarte.

Com potência vocal invejável, a cantora dá brilho a composições de mestres como o próprio Paulo César Pinheiro, com “Serenata de São Lázaro”, parceria com Gilson Peranzzetto e de forte letra a respeito da escravidão; Elton Medeiros, com “Lá Fora”, parceria com Délcio Carvalho; e Wilson Moreira e Nei Lopes, com “Sandália Amarela” e “Lupiciniana”, em homenagem a Lupicínio Rodrigues: “Logo agora / Que a senhora da paz / Virou minha senhora / Uma tal de saudade / Batendo lá fora / Chamou pelo meu nome / Num samba canção”.

Se, em “Eternamente Sempre”, de Sombrinha e Marquinho PQD, ela remete a Beth Carvalho, em “Sabe Deus”, da dupla e de Carlinhos Vergueiro, ela demonstra ter personalidade de sobra.

Como todo álbum de samba que se preze, “Fabiana Cozza” termina com o astral lá em cima, com dois sambões de primeira, “Solo Sagrado”, de Julio Marcos e Xuxu, e “Narainã (Alvorada dos Pássaros)”, de Ideval Anselmo, Jordão e Zecão, cantados em dueto com Alessandro Cardozo.

Nada mais de acordo com uma artista que declara estar em busca de uma música sensível e digna. Pena que as empresas que investem em cultura não tenham mostrado sensibilidade artística para prestigiar alguém como a sambista paulista.

Serviço

Sábado, 12 de novembro, a partir das 18h. Grátis.
Galeria Olido – Avenida São João. Térreo ao 2º andar.  T: (11) 33318399

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