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Golpe dentro do golpe: retirada de Temer para colocar tucanos no poder

Golpistas estão rascunhando um golpe dentro do golpe para salvar a pele (não o cargo) de Michel Temer, formar um governo de maioria tucana e jogar por terra a campanha por eleições diretas já

Marcos Corrêa/PR

Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo (à dir.), foi um dos participantes da reunião de tucanos com Temer

Nocaute – Um grande acordo da Casa Grande começou a ser costurado no último sábado (27) em uma reunião “social” ocorrida no Palácio do Jaburu. Participaram do encontro, além de Temer, o general Sérgio Etchegoyen (ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional), os ministros Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Bruno Araújo (Cidades), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Para disfarçar, Marcela Temer recebeu em outro ambiente do palácio as esposas presentes. Por meio de mídia eletrônica o encontro foi acompanhado à distância pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Os principais termos do acordão são os seguintes:

– Temer deve sair logo, para evitar a cassação pelo TSE e a eventual convocação de eleições diretas já para presidente da República.

– Esvaziar a Operação Lava Jato.

– Formar um governo de maioria tucana, no qual Henrique Meirelles seria substituído no Ministério da Fazenda por Armínio Fraga.

– Garantir o silêncio de Eduardo Cunha com a preservação da liberdade de sua mulher e sua filha.

– Controlar a delação de Palocci, que se torna irrelevante com o acordão.

– Como o plano não contempla todos os problemas dos golpistas, há dúvidas sobre como solucionar algumas questões-chave e sobre a mesa ainda há obstáculos a serem superados:

– Oferta de anistia aos crimes de Caixa 2, com o que livrariam a pele, entre outros, de Moreira Franco, Eliseu Padilha e demais congressistas que fazem parte da “lista de Fachin”. Com isso os golpistas imaginam neutralizar o ex-presidente Lula e seus familiares, que seriam beneficiados pela medida.

– Não há consenso a respeito do nome que seria eleito indiretamente com a saída de Temer. O mais cotado parece ser mesmo o ex-ministro Nelson Jobim. O lançamento informal pelos tucanos do nome do senador Tasso Jereissati teria sido apenas uma cortina de fumaça, um “boi de piranha” previamente acordado com o político cearense.

– Ainda não se conseguiu solucionar o “problema Rodrigo Maia” e a fórmula legal para oferecer garantias a Temer após sua saída – seja ela indulto, perdão ou salvo-conduto.

Aparentemente não há objeções maiores ao acordão por parte das Forças Armadas – aí incluídos os oficiais da reserva, que não mandam mas fazem barulho.