Sistema público

Trump enfrenta problemas para encerrar o chamado ‘Obamacare’

Astronômico, corte anunciado pelo presidente beneficia os mais ricos e exclui o acesso à assistência médica a 23 milhões da parcela mais pobre da população. Até mesmo o lobby da indústria de saúde demonstra resistência

Christopher Gordon US Navy

Destruição do Obamacare foi um dos pontos centrais da campanha de Trump, que programa de “cadáver ambulante”

O Senado norte-americano vai começar o debate, nesta semana, da nova versão do Partido Republicano de um novo sistema público de saúde que sepulte o anterior, posto em prática pelo antecessor de Donald Trump, o ex-presidente Barack Obama.

O plano então aprovado beneficiou a população mais pobre dos Estados Unidos. Já a nova versão republicana vai prejudicar este setor, cortando, por exemplo, 834 bilhões de dólares em dez anos da “Medicaid”, a parte do sistema que atende os 74 milhões mais pobres do país. Destes, 23 milhões ficariam potencialmente sem qualquer plano de saúde, pela total impossibilidade de pagar um plano privado. 

Entretanto a oposição ao novo plano é maior do que a esperada, tanto dentro quanto fora do Senado. Até mesmo representantes lobistas da indústria da saúde (que movimenta 3 trilhões de dólares anualmente no país) demonstram alguma resistência diante do plano dos republicanos, temendo que os cortes prejudiquem também os seus negócios. No Senado, os republicanos têm 52 senadores dentre os 100.

Os democratas têm 46 e há dois independentes, entre eles Bernie Sanders, de Vermont, que concorreu a indicação dos democratas para disputar a presidência. Os republicanos, portanto, podem perder até dois de seus membros no caso de uma votação (em caso de empate o presidente do Senado, republicano, daria o voto de Minerva).

Porém cinco dos senadores do partido já disseram que não estão satisfeitos com a nova proposta, pelo menos como está redigida. Um dos problemas desta proposta e ter sido formulada secretamente, em sua maior parte, pelo atual líder da maioria, o republicano Mitch McConnell, do estado de Kentucky, o que desagradou muitos membros de sua bancada.

O plano apresentado tem outros pontos considerados problemáticos, como o beneficiamento dos mais ricos diminuindo sua contribuição, ou cláusulas de transferência financeira entre diferentes estados.

O plano de McConnell é votar a matéria antes do dia 4 de julho, data da Independência dos Estados Unidos e começo do recesso de verão no Congresso. Se as resistências não forem vencidas até lá, é possível até que a votação venha a ser postergada pelos republicanos. Os democratas prometem fazer uma oposição cerrada e fechada contra a nova proposta.

O sepultamento do Obamacare foi um dos pontos de honra da campanha de Trump, que declara o plano de seu antecessor um “cadáver ambulante”. A afirmação é exagerada, como quase tudo o que Trump diz ou faz. Em outras ocasiões o atual presidente já colheu derrotas nesta sua tentativa. Mais uma enfraqueceria ainda mais seu prestígio na política interna norte-americano, já bastante abalado pelas acusações de obstrução da justiça no caso da demissão do diretor do FBI, James Comey.

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