Tereza Campello culpa neoliberalismo por atraso em agenda socioambiental

‘Não vamos recuar na agenda de universalização de serviços públicos no Brasil’, disse ministra Tereza Campello (Foto:Arquivo/Agência Brasi) São Paulo – A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, […]

‘Não vamos recuar na agenda de universalização de serviços públicos no Brasil’, disse ministra Tereza Campello (Foto:Arquivo/Agência Brasi)

São Paulo – A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, afirmou hoje (22) que o Brasil responde ao desafio de conciliar ambiental, social e econômico para promover o crescimento, e culpou o modelo político adotado na década de 1990 pelo atraso na agenda do desenvolvimento sustentável global. “Havia um pensamento hegemônico que considera que a agenda social era uma agenda de gastos, que não era possível de conciliar com uma agenda de desenvolvimento”, disse, durante debate no último dia da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

O encontro visava a apresentar modelos de proteção social por parte do Estado. Para a ministra, o Bolsa Família, embora “motivo de orgulho”, é parte de uma rede mais ampla de garantia dos direitos humanos básicos criada nos últimos nove anos. “Estamos defendendo um modelo diferente em que a agenda social não só deve coexistir com a agenda de desenvolvimento, mas é parte dessa agenda”, disse. “O slogan do Brasil dentro da Rio+20 é crescer, incluir e proteger. Esses três verbos não coexistem naturalmente. Para que a gente possa crescer, incluir e proteger precisamos de decisão política. O natural é que o crescimento leve à exclusão e o natural é que leve à degradação ambiental.”

A ministra indicou dois desafios que a seu ver concentram a necessidade de conciliar as questões social, ambiental e econômica. A decisão de acabar com o trabalho degradante e de reduzir a queimada nos canaviais criou a necessidade de um diálogo entre cortadores, sindicatos, empresários e governos para chegar a soluções. “Estamos fazendo um trabalho de diálogo para construir a transição para uma outra forma de trabalho que garanta que esses milhares de trabalhadores sejam incluídos.”

Em outro setor, o dos resíduos sólidos, a dificuldade é garantir que um setor altamente lucrativo não seja apropriado por poucas corporações que tomem os lugares das milhares de famílias que vivem atualmente da coleta de materiais recicláveis. “O desafio é que essas pessoas continuem trabalhando nisso, com trabalho decente e com formação de cooperativas”, indicou, acrescentando que o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em fase de implementação, poderá trazer proteção a esses trabalhadores.

A ministra expressou satisfação com o fato de o pilar social ter sido reforçado nos debates e no documento final da Rio+20. Tereza Campello apresentou a noção de que o desenvolvimento sustentável não pode se ancorar exclusivamente sobre a questão ambiental, ignorando que mais de um bilhão de pessoas no mundo passam fome. Ao mesmo tempo, ela indicou que não se pode jogar sobre os mais pobres a responsabilidade de reverter o rumo do atual modelo econômico, privando-as de serem incluídas no sistema de consumo.

Durante o debate, a ministra reforçou a visão do governo brasileiro de que o combate à crise nos países ricos está sendo realizado de maneira equivocada, com corte de direitos trabalhistas e sociais. “Não vamos recuar na agenda de universalização de serviços públicos no Brasil”, afirmou. “Este é um ganho que tem de ser reafirmado no momento de crise porque é no momento de crise que se retrocede nas conquistas que os trabalhadores tiveram. No momento de crise é preciso garantir uma rede de seguridade geral muito além da proteção social dada pela transferência de renda.”

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