Marcha das Mulheres leva dez mil pessoas à porta do BNDES

Mulheres organizaram a maior manifestação de rua dos primeiros dias da Rio+20 (Foto: Marina Souza) Rio de Janeiro – Cerca de dez mil pessoas participaram nesta segunda-feria (18) da Marcha […]

Mulheres organizaram a maior manifestação de rua dos primeiros dias da Rio+20 (Foto: Marina Souza)

Rio de Janeiro – Cerca de dez mil pessoas participaram nesta segunda-feria (18) da Marcha das Mulheres, maior mobilização de rua realizada até aqui pela Cúpula dos Povos. A marcha teve início no Aterro do Flamengo e seguiu até a sede do BNDES no Centro do Rio de Janeiro, com o lema “Não à Privatização dos Nossos Corpos”. A mobilização foi o ponto alto de uma agenda que começou com a realização da Vigília Interreligiosa na noite de domingo (17) e prosseguiu com uma caminhada protagonizada por cerca de 500 indígenas de diversas etnias que participam do Acampamento Terra Livre.

 “A mobilização foi um sucesso. Conseguimos apresentar a crítica à economia verde sob a perspectiva do feminismo”, comemorou Tica Moreno, dirigente da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), uma das organizações que convocou o ato. O objetivo de apresentar a ótica feminista de forma transversal a todos os temas da Cúpula dos Povos, segundo Tica, também foi alcançado: “Tivemos mulheres apresentando e defendendo as nossas propostas em todas as cinco plenárias temáticas da Cúpula. A visão das mulheres certamente estará presente na Assembleia dos Povos”, disse, fazendo referência ao momento deliberativo final da Cúpula dos Povos, que começa amanhã (19) e se estende até sexta (22).

Na porta do BNDES, a Marcha das Mulheres gritou palavras de ordem contra o financiamento de megaprojetos: “A concentração de trabalhadores e o súbito crescimento de pequenas cidades causados por obras como a construção de grandes usinas hidrelétricas, por exemplo, favorecem a prostituição e a degradação da mulher”, afirmou Tica Moreno.

Igualmente oriundo do Aterro do Flamengo, o grupo de indígenas também decidiu se concentrar na porta do BNDES para engrossar a manifestação das mulheres. A decisão provocou a aproximação da Polícia Militar e um início de tumulto logo esvaziado. Alguns índios têm passado por maus bocados nestes primeiros dias de Cúpula dos Povos, com problemas de alimentação (foi servida comida estragada no Acampamento Terra Livre) e hospedagem (o Sambódromo, principal ponto de alojamento, está lotado).

Anatel x Rádio Cúpula

O principal momento de conflito até agora na Cúpula dos Povos, entretanto, ocorreu quando um grupo de agentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), apoiados por um contingente da PM, decidiu lacrar os transmissores da Rádio Cúpula, que transmite de dentro do Aterro do Flamengo. A truculência inicial dos policiais provocou a reação dos participantes da Cúpula, que cercaram a tenda da rádio gritando palavras de ordem pela democratização da comunicação.

Após a entrada em cena dos coordenadores de comunicação da Cúpula do Povos, a tensão diminuiu e foi negociada uma trégua, com a interrupção momentânea da transmissão da rádio enquanto um acordo era tentado junto à diretoria da Anatel. Participaram diretamente dessas negociações representantes do Ministério das Comunicações e da Secretaria Geral da Presidência, que intercederam a favor da Rádio Cúpula.

 A saída encontrada foi integrar a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) ao projeto da Rádio Cúpula, que amanhã voltará a transmitir, agora com uma licença especial pedida em nome da rede estatal: “Teremos também um novo transmissor, mais moderno e potente, que foi ajustado hoje pela EBC. Ganhamos essa batalha com a Anatel”, disse Leonardo Neves, diretor da Rádio Cúpula.