Suposto caixa 2 tucano do Rodoanel tirou de pauta ‘denúncia’ de ‘caixa 1’ petista

Na sexta-feira passada (1) a revista Época (das organizações Globo) chegou às bancas com uma entrevista do ex-diretor do Dnit, Luiz Antonio Pagot. Filiado ao PR na época, partido que […]

Na sexta-feira passada (1) a revista Época (das organizações Globo) chegou às bancas com uma entrevista do ex-diretor do Dnit, Luiz Antonio Pagot. Filiado ao PR na época, partido que apoiou a candidatura de Dilma Rousseff, Pagot disse ter pedido doações de campanha legais a empresários que conhecia, mas dentro das regras impostas pela justiça eleitoral, ou seja, doações oficiais, devidamente registradas, e sem coagir ninguém. Doou quem quis, segundo ele.

A revista Época tentou envenenar a narrativa, fazendo ilações sobre o uso da máquina administrativa, coisa negada por Pagot na entrevista.

Pelo visto, a matéria seria repercutida durante o final de semana, inclusive no “Jornal Nacional” de sábado. Mas Pagot também deu entrevista à revista IstoÉ, simultaneamente, dizendo as mesmas coisas. Só que esta revista publicou o todo, sem cortar assuntos, e no todo, o ex-diretor do Dnit fala sobre pressões do ex-diretor do DERSA, Paulo Preto, responsável pela obra do Rodoanel, para liberar mais dinheiro, acima do orçamento previsto.

Disse também que era conversa corrente entre os empreiteiros que o Rodoanel financiava a campanha de José Serra em 2010, inclusive que ouviu de um procurador de empreiteira: “Você tem que se prevenir. Tem 8% entrando lá! Esse 8% era caixa 2. Era 60% para o Serra, 20% para o Kassab e 20% para o Alckmin”.

A entrevista da revista Época não aborda esse assunto, omite essa informação de de seus leitores. Trata-se de um “jornalismo” peculiar, que faz leitura da realidade semelhante ao episódio da “bolinha de papel” na eleição passada.

Com a revista IstoÉ nas bancas e bombando na internet, com todo mundo comentando a história do “Rodoanel, Paulo Preto, e 60% para Serra…” nas redes sociais, o jornalismo da Globo tirou a repercussão da entrevista de Pagot da pauta. Os telejornais não deram, o jornal “O Globo”, também não (até a edição de domingo, pelo menos).

O mais conhecido blog político do jornal “O Globo”, cobrado incessantemente pelos internautas, teve que copiar a notícia do Estadão (que comentou o conteúdo das duas revistas), em vez de recorrer aos originais da revista Época, da casa.

É curioso notar que ex-diretor do Dnit concedeu entrevista à Globonews em 21 de abril deste ano tratando de outro assunto, quando acusou o ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu e Carlinhos Cachoeira de terem “armado” para ele (como mostram as interceptações telefônicas da Polícia Federal). Uma edição resumida desta entrevista foi ao ar no Jornal Nacional daquela noite. Por isso é improvável que se a revista Época teve acesso à Pagot, a TV Globo não teria, para confirmar os relatos e levar ao ar no sábado.

Por isso, ou a Globo resolveu abafar o caso quando apareceu o nome de Serra, ou havia entrevista editada com ataques apenas ao governo e foi engavetada, quando viu-se obrigada a arrolar Serra, se levasse ao ar.

O jornalismo das Organizações Globo dá mostras de repetir o apoio sub-reptício ao candidato tucano à prefeitura de São Paulo, como ficou claro em 2010, na já antológica farsa da “bolinha de papel”.