O que pode estar por trás de Feliciano nos Direitos Humanos?

Marcos Feliciano balança à frente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, no que pode ter sido uma manobra com vistas a 2014 (Alessandra Martins) A situação do deputado Marcos […]

Marcos Feliciano balança à frente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, no que pode ter sido uma manobra com vistas a 2014 (Alessandra Martins)

A situação do deputado Marcos Feliciano  (PSC)  fica insustentável a cada dia que passa. Na semana passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), deu um prazo para que o PSC colocasse fim à crise instalada pela indicação do deputado, que é pastor evangélico, para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O prazo termina hoje (26). Mas Feliciano parece estar gostando da confusão. Ontem, o deputado anunciou que pretende de ir à Bolívia para conhecer a situação dos torcedores corintianos que estão presos na cidade.

O PSC já tem os nomes para ocupar a presidência da comissão, caso o deputado deixe o cargo. Um deles é o da deputada Antônia Lúcia (do Acre), vice-presidente da comissão. A parlamentar é processada pelo Ministério Público Federal (MPF) do seu estado , que pediu a cassação do seu mandato. O caso será decidido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Antônia Lúcia também é acusada de compra de votos e de improbidade administrativa. A parlamentar nega as acusações.

O outro nome é Zequinha Marinho (PSC-PA), que poderia enfrentar a resistência de militantes, já que também é visto como radicalmente contrário aos direitos dos homossexuais

Muitos estão vendo a viagem do deputado como uma manobra para fugir da crise e não deixar o cargo que ocupa. A direção do partido ainda não decidiu como acabar com o problema e os integrantes da bancada do PSC tentam definir o posicionamento oficial da legenda sobre o caso. Ontem, a Anistia Internacional divulgou nota considerando “inaceitável” a permanência do deputado no cargo.

E parece que a troca de acusações e bate boca não para por aí… Dessa vez sobrou  para o partido de Eduardo Campos. Manifestantes que ocupavam a Câmara e alguns deputados contrários à permanência de Feliciano na comissão acusaram o PSB de ter  dado uma mãozinha para instalar o deputado  na direção da comissão dos Direitos Humanos.

Eles acusam o  PSB de ter escalado o deputado pernambucano Pastor Eurico para titular da Comissão, para deixar  a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) como suplente. Mas o Pastor Eurico deu seu voto para eleger Feliciano presidente.

Nada contra um parlamentar ser pastor, mas uma Comissão de Direitos Humanos precisa de membros comprometidos com a causa, como era o caso de Lysâneas Maciel, que tinha forte engajamento evangélico e era incansável defensor dos Direitos Humanos, mesmo nos momentos mais difíceis da ditadura.

Um deputado nessa comissão deve ter ampla compreensão do respeito às minorias, da diversidade humana, sem trazer um contencioso de preconceitos e pregação discriminatória.

 A escolha do PSB chama mais atenção porque Eurico é conterrâneo do presidente do partido e governador, Eduardo Campos, já em pré-campanha presidencial para 2014. O gesto leva a perguntar se Campos não estaria buscando utilizar-se de religiões, não dentro do interesse público, mas de forma oportunista, apenas para colher votos, semelhante ao que ocorreu na campanha das trevas com a candidatura de José Serra (PSDB-SP) nas eleições de 2010.

 

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