Novos tempos pedem uma nova geração de prefeitos

Não se sabe qual será o resultado de fato que sairá das urnas, antes da apuração final no domingo, mas existe a expectativa, e por que não, a esperança, de surgir uma nova […]

Não se sabe qual será o resultado de fato que sairá das urnas, antes da apuração final no domingo, mas existe a expectativa, e por que não, a esperança, de surgir uma nova geração de prefeitos. E não se trata apenas da idade cronológica de lideranças políticas jovens e sim de mentalidade. 

 O perfil socioeconômico do brasileiro vem mudando nos últimos anos. Há muito mais gente que entrou na classe média, com mais escolaridade, com mais qualificação profissional, e com demanda por melhor qualidade de vida nas cidades. Estas pessoas não querem mais continuar convivendo indefinidamente com problemas urbanos que se arrastam desde o século passado.

Se na vida privada as famílias da nova classe média passaram a ter acesso ao carro e à casa, todos de todas as classes querem perder menos tempo para ir e vir ao trabalho nas grandes metrópoles. E para isso, é preciso transporte público. Aliás, se o transporte público for rápido e confortável, passa a ser usado por todos, como rotina. Em países ricos, pessoas ricas também usam transporte público por serem seguros, confortáveis e eficientes. O carro ficará cada vez mais reservado para passeios, lazer etc, mas tenderá a passar a maior parte do tempo nas garagens de seus donos.

Todos também querem um futuro sem favelas em suas cidades. Não querem bolsões de pobreza, não querem desigualdades extremas, que levam, inclusive, a conflitos sociais, violência e descontrole ambiental. Querem também ampliação e preservação das áreas verdes e recuperar os espaços públicos de convivência, para lazer e para cultura.

 Querem que a saúde pública funcione, e que a educação pública não falhe na formação de cidadãos com domínio de conhecimento. Querem orçamentos com transparência, em que o dinheiro público seja bem gasto, bem controlado, de forma clara e sem desvios.

Hoje, os novos prefeitos têm um arsenal de ferramentas às mãos, desde as novas tecnologias e métodos, até leis recentes, como a de acesso à informação e a política de dados abertos, que permitem aos governos interagirem com a sociedade de forma mais próxima, com amplo controle e participação social. Até a imprensa passará por uma revolução com a lei de acesso à informação quando passar a saber usá-la melhor, mais voltada ao interesse público.

No final do século passado, os dois principais partidos brasileiros criaram suas marcas para suas administrações. O PSDB criou o choque de gestão, uma governança financeira misturada com receituário neoliberal. O PT, ainda antes de chegar ao governo federal, pautou-se por um conjunto de políticas públicas que iam sendo aperfeiçoadas e eram aplicadas em todas as cidades que o partido governava.

Neste início de século está claro que a governança financeira propagada pelo PSDB (apesar de aplicada também em gestões petistas desde os anos 80) veio para ficar, mas o receituário neoliberal já esgotou-se há alguns anos. O modo petista de governar, de compartilhar e replicar experiências exitosas de umas cidades em outras, de enfatizar a participação popular, continua mais atual do que nunca.

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