Marina Silva, a porta-voz da rede matrix contra a luta política

Partidários do ideário pregado por Marina Silva ‘festejam’ criação da legenda. E se afastam da luta diária e necessária (Copyleft/#Rede) A ex-senadora Marina Silva criou seu partido, a Rede Sustentabilidade, […]

Partidários do ideário pregado por Marina Silva ‘festejam’ criação da legenda. E se afastam da luta diária e necessária (Copyleft/#Rede)

A ex-senadora Marina Silva criou seu partido, a Rede Sustentabilidade, para concorrer às eleições de 2014. Especificamente à Presidência da República. Porém, a iniciativa da ex-senadora é decepcionante. O novo partido nega a luta política dos mais fracos e prega o conformismo submisso aos mais fortes.

É a “utopia do sonho” do Itaú, da Globo, do bilionário neoliberal dono da Natura, que foi candidato a vice-presidente em sua chapa de 2010. É a sustentabilidade reacionária e conservadora. Os bilionários mandam, eles são os “sábios”, conselheiros, orientadores e ideólogos de um hipotético governo, numa rede à qual Marina se encarregaria de manter conectados os brasileiros.

Cito o banco Itaú especificamente porque uma das principais caciques do partido de Marina é Maria Alice Setúbal, herdeira e acionista do império financeiro. Segundo o site da tal rede, sua função no partido é a de “mobilização de recursos”. Não deixa de ser curioso que a cor predominante da legenda é o laranja, a cor de fundo usada nas placas e propagandas daquele banco.

Irresistível não comparar com a dominação mostrada no filme Matrix (1999). Em fotos já espalhadas pela internet, vemos militantes se filiando ao partido, atendidos em guichês com placas laranjas, por atendentes vestindo blazer preto e camisa laranja (a cor do Itaú, de novo). Parece gente treinada para ser bons atendentes, plugando uma a uma das pessoas à dominação da matrix (do Itaú).

Muito além da comparação com o filme, o mais grave é querer esvaziar a luta política como instrumento dos cidadãos conquistarem melhorias de vida. O discurso de Marina é recheado de frases de efeito sempre puxando para um suposto “novo jeito de fazer política”, “acima da esquerda e direita”, “não é oposição, nem situação”, “resgatar a ética”, “não tem movimentos sociais por trás”, “não fuma, nem bebe” e bla bla bla.

É o discurso pensado para ser politicamente correto, agradar a todos e não desagradar ninguém. Luta política que é bom, a que obriga a escolher lado, nada. É o discurso que a Globo e o Itaú gostam: o da desconstrução e criminalização da luta política que bate de frente com seus interesses.

É a fala que busca dominar a chamada nova classe média, buscando convencê-la a se desiludir com a luta política que a levou a conquistar o que tem, e votar alienadamente, igual vota nos reality shows da vida, em quem acha mais bonzinho, mais simpático, mais bonitinho.

Na luta política, do jeito que está, a Globo sabe que não vence mais, então o negócio é esvaziá-la. E que tristeza ver Marina Silva fazendo esse serviço. A matrix de Marina está mandando às favas a luta política do enfrentamento contra a má distribuição de riquezas e a injustiça social.

Vamos falar um pouco do grande parceiro da ex-senadora. O Itaú fica mais “sustentável” quando a clientela faz tudo pela internet e deixa de ir à agência, passa a imprimir menos papel. Mas esse ganho de produtividade, ao esvaziar as agências, o banco não compartilha com seus trabalhadores, mesmo com lucros estratosféricos. Aliás, o setor bancário é o único que, quanto mais lucra, mais desemprega e é cada vez maior o número de denúncias de funcionários que ficam doentes devido às más condições de trabalho.

De nada adianta abraçar árvores, financiar ONGs, se a empresa joga pessoas no desemprego só para aumentar mais ainda os lucros de acionistas. Esse egoísmo é uma forma de poluir a qualidade de vida na sociedade, com o empobrecimento de pessoas, a desestruturação de lares, de famílias, que o desemprego provoca, muitas vezes. E para acabar com esse egoísmo é preciso luta política. Os partidos políticos são os instrumentos desta luta para mudar leis.

A boa luta política é brigar por leis que reduzam a jornada de trabalho em vez de demitir, se a empresa teve ganho de produtividade e tem lucros suficientes para manter a mão de obra. Ou pelo menos, quem pode mais e desemprega só para lucrar mais, tem que pagar mais impostos necessários a gerar novos empregos.

A grande luta no Brasil ainda é o combate à desigualdade para elevar brasileiros pobres para um padrão de vida de classe média. E essa rede matrix de bilionários em torno da Marina tem uma agenda pragmática oposta, como, por exemplo, lutam para pagar menos impostos, mesmo com lucros exorbitantes; condenam verbas para programas sociais; pregam arrocho de salários e aposentadorias para ter mais lucros se pagarem alíquotas menores para manter a Previdência; pregam cortar direitos trabalhistas para poder demitir mais facilmente e mais barato. Pregam a privatização e redução de serviços públicos, essenciais para quem não tem condições de pagar.

É luta contra tubarões, que enfrentamos e que produz baixas do nosso lado. Novidade na política é concluir o ciclo dessa luta e conscientizar aqueles que estão plugados nas tentativas de dominação por parte da Globo e do Itaú a se libertarem das amarras.

 

Leia também

Últimas notícias