Ex-presidente Fernando Henrique ‘não lembra’ do mensalão de Azeredo

(Renato Araujo/ABr) Fernando Henrique Cardoso está de volta à mídia. Dia sim, e no outro também, o ex-presidente tucano aparece dando pitaco sobre algum assunto que quando foi presidente envagetou. […]

(Renato Araujo/ABr)

Fernando Henrique Cardoso está de volta à mídia. Dia sim, e no outro também, o ex-presidente tucano aparece dando pitaco sobre algum assunto que quando foi presidente envagetou. Mas agora ele se acha capaz  de dizer como deve ser feito. FHC sugeriu ao STF ouvir a “opinião pública” para condenar os réus do “mensalão”.

Se for assim, por que FHC nunca sugeriu, pelo menos, expulsar Eduardo Azeredo do PSDB e negar legenda para ele não se eleger deputado federal em 2010?

O mensalão do Azeredo em Minas Gerais,  que segundo o Ministério Público funcionou no fim da década de 1990 para arrecadar ilegalmente recursos para a campanha ao governo de Minas, ainda não tem previsão para ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.  E pior, corre o risco de prescrição. Em dezembro de 2009, os ministros do STF receberam a denúncia e abriram processo criminal contra o então senador Eduardo Azeredo (PSDB), acusando-o de peculato e lavagem de dinheiro.

Ao contrário do que ocorre atualmente no processo da Ação 470 (o chamado “mensalão”)  no qual todos os réus serão julgados pelo STF, no mensalão do PSDB por enquanto apenas Azeredo terá a acusação analisada pela corte máxima. Os outros dez réus do processo contra os tucanos serão julgados pela Justiça de Minas Gerais.

Além disso, se fosse para ouvir a “opinião pública”, o justo seria um júri popular, onde os jurados têm obrigação de assistir com atenção a todo o julgamento (e não só a cobertura editada e levada ao ar pelo Jornal Nacional), ouvindo a acusação e a defesa para, então, decidir.

Triste fim o de FHC. A esta altura da vida, ele poderia contribuir para o aprimoramento da nação revelando as mazelas do poder, que bem conheceu, para saná-las. Poderia ajudar a combater o financiamento privado de campanhas, por exemplo, a principal raiz sistêmica da corrupção em uma democracia como a brasileira.

Mas parece que FHC, usemos uma expressão bem popular, gosta da coisa. Já foi financiado pela Fundação Ford em plena ditadura, e recentemente ganhou um prêmio de US$ 1 milhão do Congresso estadunidense pelos serviços prestados aos EUA, quando aderiu ao consenso de Washington, durante seu governo de privataria tucana.

Em vez de lutar contra o financiamento privado de campanhas, FHC comporta-se como se fosse o imperador romano Commodus (um dos piores daquele império), ao sugerir condenar ou absolver gladiadores sinalizando com o dedo polegar, conforme a platéia do Coliseu.

E se, somente por uma hipótese alegórica, o presidente do STF, Aires Brito, resolvesse seguir o conselho, e convocasse a população para comparecer em frente ao STF, e pedisse ao público para levantar a mão quem quisesse condenar e, depois, quem quisesse absolver, um a um? Se o julgamento for apenas político, quem consegue colocar o povo na rua? Será que são os demotucanos?

Em tempo: Commodus foi retratado, em uma adaptação ficcional para o cinema, no filme “Gladiador”, como vilão corrupto. O herói era o ex-general Maximus, perseguido por Commodus, que acabou traçando e executando um plano rebelde de fazer justiça, se tornando gladiador popular, desafiando o imperador.

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