‘Cheque sem fundos’ de Alckmin para desalojados do Pinheirinho

O cheque de R$ 500 por mês, prometido pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), aos desalojados do Pinheirinho, não está sendo bem aceito pelos proprietários de  despejados de […]

O cheque de R$ 500 por mês, prometido pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), aos desalojados do Pinheirinho, não está sendo bem aceito pelos proprietários de  despejados de suas casas, em São José dos Campos. Está mais parecido a um cheque sem fundos, do que para aluguel social.

Para começar, apesar de ter prometido, Alckmin não é quem assina o tal cheque. A prefeitura da cidade, a 100 quilômetros da capital, no Vale do Paraíba, é que responde pelo auxílio. Se fosse prova de atletismo, seria 110 metros com barreiras.

A primeira barreira é a discriminação. Os desalojados explicam que, quando os proprietários ficam sabendo que os possíveis inquilinos foram despejados do Pinheirinho, não alugam.

A segunda, é o valor do aluguel. É bem mais comum encontrar imóveis disponíveis custam mais de R$ 700.

Na prática, há um déficit de imóveis na faixa de até R$ 500.

Outro entrave é a falta de fiador (a assinatura de um proprietário de imóvel na cidade exigida em contratos de aluguel). Se isso dá trabalho para qualquer pessoa no país, para gente que passou parte dos últimos sete anos em uma ocupação e que foi despejado, fica mais difícil. Alternativas, como seguro fiança e pagamento adiantado de três aluguéis, aceitos por parte das imobiliárias e locadores da cidade, são caras demais. Os moradores defendem que a prefeitura seja fiadora, mas a administração municipal topa apenas oferecer uma carta de recomendação.

Há ainda uma outra barreira, que parece um exemplo do “choque de gestão” demo-tucano: para receber o aluguel social, as famílias precisam, primeiro, comprovar a locação de um imóvel. Ora, para alugar uma moradia, eles precisam do auxílio. Sem dinheiro em mãos, pagar adiantado e sem fiador fica ainda mais difícil – talvez até impossível.

Pouca gente vai se surpreender se, depois, algum representante da prefeitura atribuir a “culpa” por não terem sido alugados imóveis aos cidadãos desabrigados. Se isso acontecer, cairia como uma luva no padrão de contingenciamento de despesas promovido por administrações tucanas.

A esta altura, o mais sensato seria o  Ministério Público obrigar a prefeitura alugar diretamente os imóveis e ceder para os desalojados ocuparem.

Em tempo: o vídeo-reportagem mostrado aqui é produção independente, mas a TV Vanguarda, da Rede Globo, também constatou os mesmos fatos em sua reportagem.