Propostas de governo: Russomanno usa tom generalista e não mostra a que veio

Documento faz pouco para esclarecer ao eleitor qual o rumo que a cidade tomará caso Russomano seja eleito (Reprodução) A pesquisa de intenção de voto divulgada ontem pelo Datafolha mostrou […]

Documento faz pouco para esclarecer ao eleitor qual o rumo que a cidade tomará caso Russomano seja eleito (Reprodução)

A pesquisa de intenção de voto divulgada ontem pelo Datafolha mostrou que Celso Russomanno, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRB, mantém a liderança da disputa com 31% dos votos. Um desempenho tão robusto chama a atenção. Por isso, resolvi entrar em contato com a campanha de Russomano para saber se haverá o lançamento de um documento com as propostas do candidato. A resposta foi que está em confecção um projeto de governo, sem data para ser lançado. Como o prazo para o lançamento do projeto é até a data da posse, é possível que esse documento não fique pronto até as eleições. Para efeito de avaliação das propostas, a candidatura disponibiliza este documento no site. Sendo assim, resolvi ler suas propostas, ainda que não estejam completamente desenvolvidas.

É triste constatar que o líder das pesquisas não conta com nenhum projeto urbanístico para São Paulo. Aliás, não é possível detectar nem um fundinho de projeto político de uma maneira geral, pelo menos não da maneira como as suas propostas foram apresentadas. O candidato defende que São Paulo deve ter capacidade de gestão, como se tudo se resumisse a questões técnicas, e não políticas. 

Com isso não quero dizer que as questões práticas sejam pouco importantes. Russomanno apresenta ideias ótimas, como fazer com que toda a frota de ônibus seja acesível, ampliar a estrutura da combalida CET, aumentar o número de pontos para a reciclagem de lixo e reurbanizar favelas. Mas falta arcabouço político para dar sentido a esse conjunto de propostas. Simplesmente não há o que comentar: lendo o documento, não sei o que o candidato pensa sobre o adensamento populacional da periferia, sobre a verticalização sem adensamento que acontece nos bairros centrais, como Lapa, Vila Leopoldina e Mooca ou sobre a estrutura fundiária da cidade. Normalmente, a ausência desse tipo de avaliação já é a resposta: quem não se importa com isso está satisfeito com a maneira como a cidade funciona. 

A avaliação proposta a proposta também não é muito alvissareira. Várias delas são bastante abrangentes e, por isso mesmo, inócuas. Alguns exemplos:

– Viabilizar estudos para implantação do veiculo leve sobre trilhos: é ótimo, mas não significa nada

– Implementar uma nova estratégia para destinação racional dos resíduos na cidade, aplicando os recursos de créditos de carbono: que nova estratégia seria essa? Para onde iriam os recursos?

– Criar condições para regularização de terrenos populares e interferir na urbanização local: o que significa “terrenos populares”? Ficam em quais regiões? Como será a intervenção na urbanização local?

Esses são apenas três exemplos de propostas com palavras bonitas que significam pouca coisa. É pouco, muito pouco para o candidato que lidera a corrida eleitoral. Até o projeto do Paulinho da Força, que tem 2% dos votos, tem muito mais consistência e propostas. Tomara que o prometido projeto de governo de Russomanno fique pronto antes das eleições, a tempo de esclarecer qual o projeto do candidato para a cidade. 

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