Grupo pressiona prefeitura de SP para aderir às hortas urbanas

Espaços como a Horta da Coruja podem trazer incalculáveis benefícios ambientais e sociais para a cidade (foto: divulgação/Horta das Corujas) Algo aparentemente impossível está de fato acontecendo na avenida mais […]

Espaços como a Horta da Coruja podem trazer incalculáveis benefícios ambientais e sociais para a cidade (foto: divulgação/Horta das Corujas)

Algo aparentemente impossível está de fato acontecendo na avenida mais famosa de São Paulo. Entre os prédios e o asfalto, um grupo de moradores está cultivando uma horta na Avenida Paulista, a Horta dos Ciclistas. O espaço é pequeno e a variedade não é muita – até agora, manjericão, tomate e couve estão crescendo por lá – mas a simbologia da iniciativa ultrapassa em muito qualquer problema com o tamanho. Todo primeiro domingo de cada mês integrantes do grupo Hortelões Urbanos (que reúne na internet interessados em hortas urbanas) se junta para cuidar do espaço. Em todo o resto do tempo, os moradores da região é que fazem o trabalho. Não há registro de depredação, apenas de cooperação.

Os ativistas são também responsáveis por outra horta, esta bem maior, localizada entre  a Vila Madalena e a Vila Ida. Com cerca de 50 espécies de hortaliças e legumes, a Horta das Corujas é mais antiga e produtiva. Conta até com a permissão informal da Subprefeitura de Pinheiros para seu funcionamento. 

Por acreditar nos benefícios das hortas urbanas (sobre os quais já escrevi aqui), o grupo está pressionando a Prefeitura de São Paulo para que inclua, em seu Plano de Metas para a gestão 2013/2016, diretrizes para a criação de hortas públicas na cidade. Pela internet, estão recolhendo assinaturas a favor da regulamentação e multiplicação desses espaços. O Plano de Metas deve ser apresentado pelo prefeito Fernando Haddad até o dia 29 deste mês.

Para conhecer as propostas do grupo, conversei com a jornalista e agricultora urbana Claudia Visoni, do Hortelões Urbanos. Claudia me explicou que o diálogo com o poder público já está acontecendo. “Estamos em contato com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente para tentar chegar a um formato de horta urbana que possa ser replicado em todos os lugares”, afirma. Ela diz que a Horta das Corujas funciona como um experimento não apenas ambiental, mas também sociológico. “Nossa horta é uma declaração de que é possível mudar a forma como comemos e como consumimos”, acredita a ativista.

Se as hortas virarem uma paisagem comum em São Paulo, acredito em benefícios que ultrapassam muito a esfera ambiental. Claro que as vantagens mais tangíveis são o aumento da área verde, aumento da retenção das águas das chuvas pelo solo, regulação da temperatura locar por meio das plantas e muitos outros. Mas trata-se também de melhorar a alimentação, diminuir o transporte de alimentos, aprendizado do cultivo, ferramenta de aprendizagem para crianças (já que essa geração mal sabe distinguir uma batata de uma manga), aumento da sensação de segurança, por conta da ocupação de espaços antes vazios. Além de tudo, é um projeto plenamente executável, com pouco investimento público. Tomara que a gestão Haddad se sensibilize e abarque a ideia das hortas urbanas. 

texto corrigido no dia 25/03/13 para esclarecer a participação do Grupo Hortelões Urbanos

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