Encontro organiza luta contra remoções da Copa 2014 em Fortaleza

No próximo sábado (11), as comunidades e movimento sociais de Fortaleza estarão reunidos para discutir estratégias de ação contra as remoções em discussão na capital por conta de obras para […]

No próximo sábado (11), as comunidades e movimento sociais de Fortaleza estarão reunidos para discutir estratégias de ação contra as remoções em discussão na capital por conta de obras para a Copa do Mundo 2014. Segundo os organizadores do Encontro contra as Remoções, o risco para as famílias aumentou recentemente, com o anúncio feito pelo governo de que começará em março as obras para a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Segundo Samuel Queiroz, um dos organizadores do encontro, a lei estadual nº 15.056, publicada neste mês, determina que os proprietários dos imóveis residenciais ou mistos que estão no traçado do VLT terão que deixar suas residências. Serão 22 comunidades atingidas, como Itaoca, Montese, Vila União, Aldacir Barbosa, Trilha do Senhor, Dom Oscar Romero, São Vicente, João XXIII, Rio Pardo, Jangadeiro, Canos, entre outras.

“Porém em alguns trechos é visível que não há necessidade de remoções e que elas estão sendo feitas em comunidades pobres localizadas em bairros muito valorizados pela construção civil”, afirma Samuel. “Querem colocar as comunidades em um local muito distante de onde as famílias já criaram vínculos sociais e culturais, assim desrespeitando a lei orgânica do município de Fortaleza”, sustenta.

Segundo ele, o governo prometeu que os imóveis avaliados em até R$ 40 mil, além da indenização correspondente, receberão uma unidade dentro do Programa Minha Casa Minha Vida, da Caixa Econômica Federal. “Só que essas residências não estão sendo construídas. Além disso, o governo quer pagar apenas pelas benfeitorias feitas no local, pelas paredes. As comunidades vivem no local há mais de 60 anos e exigem que o assunto seja discutido coletivamente”, completa.

As moradias seriam construídas em uma área no bairro José Walter. No entanto, a área já está ocupada há dois anos por quase duas mil famílias ligadas ao MST. “O governo já havia prometido construir as unidades habitacionais para estes moradores que são merecedores mais do que ninguém. Eles dizem para os moradores que já estão lá que a preferência é deles e depois dizem para os que irão ser removidos que a preferência também é deles. Já sabemos que serão construídas apenas 1,5 mil unidades habitacionais. Então ficam os questionamentos: para quem será que o Governo está falando a verdade? Ou será que está mentindo para todos?”, indaga Samuel.

“Na minha casa, em Montese, já foi definido um valor irrisório, não entendo com chegam a isso”, diz o ativista. “Eles dizem que pessoas que moram no mesmo lugar há mais de 60 anos são invasores. Eu moro na casa do meu pai, onde ele criou a mim e meus quatro irmãos, não sou invasor”.

Para moradores que tenham as casa avaliadas em até R$ 16 mi, o governo, segundo Samuel, está prometendo um aluguel social de R$ 200. “No Ceará esse programa não funciona. O governo paga por dois ou três meses e esquece das pessoas. Além disso, não se encontra aluguel por esse valor em Fortaleza, os mais baratos custam de R$ 300 a R$ 400. Os moradores terão que se virar até que sejam construídas as casas”, diz Samuel.

“No ponto de vista das comunidades tudo isto é mentira. Vale salientar que esta lei de desapropriação esta com o aval da Assembleia Legislativa, onde supostamente os deputados estão para defender o Povo, porém, estão defendendo interesses particulares e da minoria que detém o poder, como grandes construtoras e empresários da construção civil”, ataca Samuel.

O Encontro contra as Remoções acontece neste sábado, dia 11, às 14h, no Parque Rio Branco (Av. Pontes Vieira, entre a Av. Visconde do Rio Branco e a Rua capitão Gustavo).

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