Doutor Jupter revigora rock rural em álbum de estreia

A inspiração parece vir da simpática cidade de Mairiporã, que é rodeada pelo pouco que resta de Mata Atlântica (Foto: Divulgação) Vem de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, […]

A inspiração parece vir da simpática cidade de Mairiporã, que é rodeada pelo pouco que resta de Mata Atlântica (Foto: Divulgação)

Vem de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, uma das mais entusiasmantes novidades do rock brasileiro. Trata-se da banda Doutor Jupter, assim mesmo, sem “i”, que foi criada em 2006, pelos garotos Ricardo Massonetto (voz, violão, banjo e gaita), Dudu Massonetto (baixo e voz), Márcio Gonzales (guitarra, banjo e violão) e Mateus Briccio (bateria).

A inspiração parece vir da simpática cidade de Mairiporã, que é rodeada pelo pouco que resta de Mata Atlântica. O álbum de estreia, homônimo, acaba de chegar às lojas e será lançado nesta quinta-feira (10), a partir das 20h, com um pocket show na Livraria Cultura, do shopping Bourbon, em São Paulo.

Raridade atualmente, o primeiro álbum do Doutor Jupter não tem “música de trabalho”, ou seja, aquela que se destaca das demais. Todas são petardos irresistíveis para quem gosta de folk rock, rock rural, bluegrass, country, etc. As referências estão todas ali, de Kings of Leon a Los Hermanos, com passagem pelo rock gaúcho e pitadas de bandas como 14 Bis.

“Se é pra mudar / Repensa esse jeito / E para de dar tanta volta / No mesmo lugar / Chuta o dinheiro / Esquece o juízo / E olha pro céu / Que a Lua quer se confessar”, canta Ricardo Massonetto, na cantiga ensolarada “Liquidificador”. A segunda faixa “Me Cuida” parece um misto de Beatles com charleston, com a deliciosa gaita do vocalista e que termina de modo arrasador, com referência às canções do cinema mudo.

Há também um interessante contraste entre os versos mais tristes com a sonoridade entusiasmada, como em “Dois Mundos”, em que o cara perde a namorada, mas, nem por isso, perde o otimismo, notando que toda reta sempre vai e sempre vem: “Difícil é gostar de você / E não ter / O mundo só pra nós dois / Difícil é escolher / O que eu quero perder / Se eu deixo você ir / Eu perco a maior parte de mim”, canta. Afinal, o que impera mesmo é a pegada rural, de quem sabe aproveitar a vida em meio à natureza, sem dar muita bola para os problemas mundanos. Uma sadia volta aos hippies anos 70, que retorna com força total na excelente “É Por Isso”.

O tal contraste entre letra e música também impera em “Irene e as Estrelas”: “Irene passa e devagar / Sem perceber / Vai flutuando / Sem a ajuda de ninguém / Leva no peito um balão / O coração cheio de um amor / Que nunca vem”. A felicidade também impera na dylanesca “Tudo no Lugar”. Mas, nesse caso, a letra também é ensolarada: “Se a vida nunca pode ser problema / A gente pede cada coisa em seu lugar / E a vida nunca vai ser um problema / A gente encaixa cada peça em seu lugar”. Já em “Tão Bem” impera um tom mais raivoso, que remete a Raul Seixas, e abre espaço para o rock eletrizante “Falastrão”, cuja letra parece uma história em quadrinhos. Essa temática retorna na ótima “O Otimista”, que fecha o álbum em grande estilo, com uma espécie de cantiga “dim dim dim / dim dom”.

Portanto, divirta-se ao som desse quarteto, e preste atenção nas letras muito bem escritas, que traz as raízes do interior paulista, presente em canções como “Bang Bang”, e as mistura com a linhagem do rock rural brasileiro e com o pop rock internacional. Ah, só um detalhe importante: esse primeiro álbum é fruto do concurso “Vem Pro Novo”, patrocinado pela Caixa e que contou com a participação de mais de 800 bandas. Recentemente, o Doutor Jupter também conquistou o segundo lugar do concurso nacional “Banda Afinada”, do programa “Afinando o Papo”, apresentado pelo titã Tony Bellotto, no Canal Futura.
 
Serviço

Pocket show na Livraria Cultura, do shopping Bourbon – quinta-feira, 10/11, às 20h.
Rua Turiassu, 2100. Água Branca. T: (11) 3868-5100
 

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