Djavan canta, compõe e produz todas as faixas de novo CD

Após uma período de quatro anos sem lançar trabalhos inéditos, o alagoano Djavan retorna com o álbum “Rua dos Amores”, o vigésimo primeiro de sua carreira e no qual canta, […]

Após uma período de quatro anos sem lançar trabalhos inéditos, o alagoano Djavan retorna com o álbum “Rua dos Amores”, o vigésimo primeiro de sua carreira e no qual canta, compõe e produz todas as 13 faixas. Nesse período, o artista parece ter ampliado ainda mais seus canais criativos e, de certo modo, revisto diferentes fases de sua carreira, de olho no futuro.

A canção que abre o álbum, “Já Não Somos Dois”, por exemplo, remete ao Djavan de “Milagreiro” e dos dois álbuns ao vivo, lançados em 1999 e que se transformaram num dos maiores sucessos da carreira do artista. “Um par dividido ao meio, / Um poço de drama, cheio, / no vau da eternidade… / Num canto da solidão, / Semente nativa / Germina bem à vontade”.

A batida dançante permanece na ótima “Anjo de Vitrô”, que remete um pouco ao excelente álbum “Coisa de Acender”, de 1992, com pitadas de “Lilás”, de 1984, e o jogo de imagens típico das letras de Djavan: “Pra abalar com essa graça toda / Num dia feito pra surpreender, / Avisto o vento / Rasgar sedento / De norte a sul! / Mas era só a chuva que caía / Com suas setas transpassando o dia / Tecendo a noite azul!…”. O mesmo clima é retomado na dançante “Pecado”, uma das faixas mais marcantes do álbum.

Em seguida, vem a bonita “Triste É O Cara”, que faz parte do quilate das canções do álbum homônimo de 1989, com um pouco do clima de “Malásia”, de 1996. Ela abre espaço para a suingada “Acerto de Contas”, com a marca romântica do artista, o que também acontece na bossa nova “Bangalô”, com o potente solo de sax tenor de Marcelo Martins: “Eu nem sei / Se quero amar / Outra vez / Ganhei, investi, / Perdi! / Uma vida e tanto! / Milhagens de amores / Febris”. Ela e “Ares Sutis” remetem ao clima cool tão marcante em Djavan, muito presente também em “Malásia”.

Já “Quinze anos” lembra alguns temas bastante aproveitados no mesmo álbum “Coisa de Acender” de 1992. É o que acontece também em “Quase Perdida”. Há o irresistível samba “Reverberou”, que remete ao início da carreira de Djavan, quando ele lançou os hoje clássicos “Flor de Lis”, “Fato Consumado” e “Cara de Índio”. “Ver / O horizonte / Desde a lua, / A rua se amontoa / Pra ver / E a nua nem tá aí / Pra o que faz”.

Com o dedilhar do violão, Djavan encanta na ótima “Pode Esquecer”, que já nasce pronta para tocar nas rádios e embalar os romances dos novos casais: “Na nova ordem geral / De um novo comando, / Abstinência moral / É crime hediondo! / Aquela onda de caos / Que sai varrendo o mar / Dos que têm poder, / Pode esquecer!”. Aliás, é importante destacar, no entanto, que a tônica que perpassa todo o álbum é o desfecho dos romances, como se percebe na excelente “Vive”, que nasce pronta para ser utilizada em trilhas musicais de filmes e telenovelas: “Desencana meu amor, / Tudo seu é muita dor, / Vive… / Deixa o tempo resolver / O que tem que acontecer / Livre!”.

Tudo é marcado por um artista sempre exigente com o resultado sonoro de seus álbuns e que se faz acompanhar por músicos da maior grandeza. Esse é o caso de, além de Marcelo Martins, Carlos Bala (bateria), Glauton Campello (teclado), Marcelo Mariano (baixo), Paulo Calasans (piano acústico), Jesse Sadoc (trompete) e Torcuato Mariano (guitarra e ukelele), que abre a apoteótica faixa-título com um fantástico solo.

Portanto, “Rua dos amores” é um álbum maduro de um artista que sabe sempre se reinventar, valorizando o que já fez de melhor, mas também de olho em novos horizontes criativos. Não parece ser à toa, portanto, o fato de que o encarte, com projeto gráfico do estúdio Mariana Ochs Design, reúne fotos de diferentes momentos da carreira do artista.

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