1º de Maio: pelo direito ao trabalho decente e também à informação

Num dia em que o mundo do trabalho vai à luta em seu braço-de-ferro com o mundo do mercado, a liberdade de produzir informação também entra no campo de batalhas

Documento divulgado pela Central Sindical Internacional (CSI) por ocasião do 1º de Maio ressalta um cenário preocupante em todos os continentes no âmbito do trabalho. Um momento torpe, de violação de direitos, desrespeito à organização, perseguição a sindicalistas. E burro, de insistência num modelo subordinado ao sistema financeiro e que coloca o lucro não como consequência da atividade econômica civilizada, mas como objetivo acima da dignidade humana – e que por isso revelou-se um fracasso, levando o planeta à atual crise, pela qual pagam os de sempre.

Nesse cenário, o Brasil vive um momento econômico privilegiado. Ainda que um dos indicadores de riqueza não encante e que o modesto desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) seja usado como munição pelos críticos do governo, o crescimento do emprego, da renda e da formalização do trabalho tem assegurado uma vida mais tranquila aos seus trabalhadores.

Levantamento do IBGE revela que o nível de ocupação cresceu 24% em dez anos, e o emprego com carteira avançou 54%, inclusive com maior presença de mulheres, negros e aumento da escolaridade, o que significa um mercado de trabalho um pouco menos desigual. A simbiose entre a proteção ao trabalho e seu retorno para a economia marcou, inclusive, a mensagem de 1º de Maio do ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias.

Por isso, muitos especialistas, como o professor da PUC-SP Ladislau Dowbor, defendem a construção de indicadores mais eficazes para medir a qualidade do bem-estar social. É que o combate à miséria e a desigualdade, embora não pese na medição do PIB, tem forte impacto na vida das pessoas. A busca desses novos indicadores, aliás, como a Felicidade Interna Bruta (FIB), também já foi tema de reportagem na RBA.

Há que se reconhecer que a visão e a ação do governo federal nos últimos dez anos tiveram papel crucial para que a situação dos brasileiros hoje contraste com as de muitos países. A promoção do emprego, os programas de distribuição de renda e a inclusão de milhões de brasileiros em patamares acima da linha de pobreza são ingredientes importantes da sustentabilidade econômica. A ampliação do diálogo com a sociedade, idem.

Não é à toa que a mais forte oposição ao governo federal, limitada por falta de projetos, hoje se concentra em algumas forças políticas que sugerem uma saudade envergonhada da era FHC. Com apoio dos setores da imprensa de sempre, essas forças compõem a fonte de hostilidade aos frutos da era Lula/Dilma.

Por conta dos avanços democráticos e do diálogo alcançados nos últimos anos, no plano do movimento sindical a relação com o governo passa longe da hostilidade de outrora. Mas tampouco é de lua de mel. Para a CUT, o momento econômico favorável seria o ambiente propício para se avançar na agenda dos trabalhadores que anda meio esquecida no Palácio do Planalto – o que inclui avanços na proteção ao emprego e no trabalho decente, no direito de organização, redução da jornada, ampliação dos recursos na educação, solução para o fator previdenciário, democratização dos meios de comunicação.  

A insistência vai arrancando resultados a conta-gotas. Ontem (30), o governo sinalizou que voltará a debater essa agenda com os sindicatos. Foi a primeira vez que o Planalto se manifestou a respeito desde as manifestações das centrais que reuniram milhares em Brasília no início de março.

Ainda indecisas sobre com que roupa irão para o samba das eleições gerais de 2014, outras centrais, como a Força Sindical, mantêm o pé em duas canoas. De um lado, o PDT, partido do presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, ainda desfruta dos bônus de compor a base aliada do governo; de outro, abre espaço em seu palanque desta quarta-feira para que potenciais adversários de Dilma no ano que vem, Aécio Neves e Marina Silva, soltem o verbo.

Em paralelo, os empresários também tentam puxar a corda para o seu lado, aumentando a tensão desse cabo de guerra chamado governo de coalizão. Fingindo não enxergar o excelente retorno que a distribuição de renda traz à economia e à produtividade, insistem em reduzir o custo do trabalho, em bater na boa e velha CLT e, paralelamente, vão tentando emplacar projetos de seu interesse no Congresso, como o que abre as porteiras da terceirização sem pudores – assunto que também pôs o movimento sindical em alerta às voltas desse Dia Internacional do Trabalhador.

No meio desse choque de ideias e interesses, um fator que pode decidir o jogo, no presente e no futuro, é a qualidade da informação que chega a sua excelência o trabalhador. E como já bem sabe até mesmo o sofá onde sua excelência descansa neste merecido feriado, nem tudo o que passa pelas tevês, rádios, sites e bancas de jornais desse mundo velho sem porteira é um retrato fiel do que de fato acontece. As notícias são escolhidas e editadas ao sabor do interesse do dono – o dono do jornal e seus patrocinadores.

Por isso, a ampliação do direito dos brasileiros à informação – à altura de sua diversidade cultural, regional, política e de opiniões – também faz parte do cardápio desse rico 1º de Maio. Nesse quesito, a Rede Brasil Atual vem fazendo com capricho a sua parte. O que pôde ser lido, ouvido e assistido aqui nas últimas semanas não está em nenhum gibi das tradicionais editoras e emissoras comerciais.

O quadro a seguir traz um verdadeiro inventário de informações que contribuem para se fazer um fiel diagnóstico do que está em jogo no mundo do trabalho do Brasil de hoje. E uma pequena contribuição, inclusive, para o Brasil que se quer construir amanhã. Se estiver com disposição, boa leitura. Se estiver com preguiça de ler tanta notícia, tem todo o direito, e saiba que pode voltar aqui outra hora.

Bom descanso. 

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