Lula faz ‘bastante’ política até em tratamento

Durante o encontro do PT para discutir o projeto de marco regulatório das comunicaçõe, nesta sexta-feira (25), em São Paulo, o ex-deputado federal e ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu […]

Durante o encontro do PT para discutir o projeto de marco regulatório das comunicaçõe, nesta sexta-feira (25), em São Paulo, o ex-deputado federal e ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) contou que esteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na véspera. A visita foi dedicada a levar um abraço e “uma força”, segundo explicou inicialmente Dirceu.

Questionado se o presidente Lula está fazendo política e dialogando com outros atores mesmo em meio ao tratamento de quimioterapia contra um tumor na garganta, Dirceu foi contundente: “Bastante!”.

Chefe da Casa Civil durante o primeiro ano e meio de governo Lula, Dirceu contou que o ex-presidente estava muito bem disposto durante o encontro, sem ser afetado pelor efeitos colaterais comuns da quimioterapia. “Conversamos, discutimos muitas questões, e decidimos muitas coisas importantes em que vou ajudar: no que for possível, a pedido dele”, relatou.

Dirceu confirmou que Lula contiua “completamente conectado e ligado”, como de costume, e deu algumas pistas. “Conversamos sobre a campanha (a prefeito de São Paulo em 2012), sobre as outras capitais, sobre o andamento das alianças em outras cidades, ele está preocupado com Porto Alegre, Belo Horizonte, conversamos sobre a situação do país, a crise mundial, sobre Venezuela, a eleição no México, discutimos a economia do Brasil, conversamos sobre o PT”, enumerou.

Com direitos políticos cassados até 2013 e réu no inquérito do chamado “Mensalão” no Supremo Tribunal Federal (STF), Dirceu mantém-se ativo em articulações políticas, respeitado como quadro do PT, cuja executiva nacional voltou a integrar em 2010. No caso específico das acusações, vale anotar que ele assegura inocência.

São Paulo

Sobre a eleição em São Paulo, o ex-deputado demonstrou ser a favor de uma aliança com o PMDB, e garantiu que Lula também tem defendido a coligação. O deputado federal Gabriel Chalita (SP) migrou do PSB com o intuito de concorrer à prefeitura da maior cidade da América do Sul. Os petistas acreditam que podem convencer o vice-presidente Michel Temer, licenciado do comando nacional da legenda, e o próprio Chalita a compor a chapa encabeçada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad.

Sobre o comportamento de partidos como PSDB e DEM, que compõem a oposição ao governo federal comandado pelo PT, Dirceu adotou uma postura direta: “Acho que ‘ele’ quer ser candidato e vai ser”. A referência é a José Serra (PSDB), ex-prefeito da capital e ex-governador de São Paulo, e candidato derrotado à Presidência da República em 2002 e 2010.

O PSDB tem quatro pré-candidatos – os secretários estaduais do Meio Ambiente, Bruno Covas, da Cultura, Andrea Mattarazzo, e da Ciência e Tecnoloia, José Anibal, além do deputado federal Roberto Trípoli – que ensejam disputar prévias na capital paulista. Serra é cobrado por seus pares a assumir que deseja disputar, mas ele publicamente nega.

Se topar, evita que o PSD, partido articulado e criado neste ano pelo prefeito Gilberto Kassab, lance candidato (o vice-governador Guilherme Afif Domingos e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles seriam os nomes cotagos). Isso porque o prefeito paulistano garantiu que não teria como negar apoio a quem o aceitou como vice em 2004, quando Serra venceu a então prefeita Marta Suplicy. Em 2006, ao deixar o posto para disputar e levar o governo estadual, o tucano deixou a administração ao parceiro de chapa.