Precarização

População rejeita Hospital Universitário da USP nas mãos de Doria

Segundo pesquisa encomendada pelo Coletivo Butantã na Luta, usuários do HU acreditam que a municipalização vai piorar o atendimento. Por isso, reivindicam manutenção do hospital-escola

Coletivo Butantã na Luta

Coletivo realiza ato nesta sexta-feira (24) em defesa do hospital

São Paulo – Usuários do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), o HU, reprovam a transferência do hospital-escola para a gestão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Em pesquisa encomendada pelo Coletivo Butantã na Luta ao Instituto Opinião de Assessoria e Pesquisa, a maioria afirmou acreditar que a mudança vai piorar a qualidade do atendimento e que sua terceirização, total ou parcial, comprometeria a característica essencial para a boa qualidade do atendimento.

Os usuários reivindicam que o hospital continue a exercer sua função de hospital-escola, que consideram de excelência. Para eles, o atendimento prestado por médicos bons e atenciosos, supervisionados por professores de Medicina da USP, garante a qualidade do atendimento, com alta resolutividade dos problemas que os levaram à procura do serviço.

A gestão Doria vem negociando a incorporação do HU desde maio. No final daquele mês, a Secretaria Municipal de Saúde anunciou que o hospital seria incluído na lista dos integrantes do programa Corujão da Cirurgia. 

“Há a ideia de transformar seu pronto-socorro em Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com gestão da organização social SPDM, que contrataria médicos”, afirma o integrante do Butantã na Luta Luiz Alexandre Lara.

Conforme noticiou hoje (22) o jornal O Estado de S.Paulo, a inadimplência da USP com a prefeitura paulistana estaria travando o processo de municipalização. Ontem, o HU fechou o atendimento pediátrico, que vinha sendo realizado por uma só pediatra, que pediu demissão. Dependem do HU mais de 500 mil pessoas.

 

 

Integrante do Coletivo Butantã na Luta e coordenadora da pesquisa, a psicóloga e pesquisadora Rachel Moreno teme que o agravamento da crise, com o fechamento da pediatria, acelere o processo de municipalização.

“Queremos que o HU volte a contratar profissionais e a funcionar como hospital-escola, vinculado à Universidade de São Paulo, e que volte a prestar o serviço de qualidade que é reconhecido pela população”, afirma Rachel, destacando a referência positiva do hospital relatada pelos usuários.

“Na pesquisa, eles falam da confiança no HU, que conhecem há tempos, e do atendimento dado a suas famílias e conhecidos, inclusive em cirurgias e partos, e comparam o serviço com outros atendimentos na região”, conta.

O Butantã na Luta está organizando um ato para esta sexta-feira (24), a partir das 10h, que culmina com abraço ao hospital. 

Desde o último dia 13, estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que têm a parte prática do curso no HU, estão greve. Eles protestam contra a redução do número de médicos e funcionários, com prejuízo ao atendimento de pacientes.

Segundo a pesquisa, a maioria dos entrevistados não tem convênio médico. E apesar das atuais limitações no atendimento, que incluem redução do horário de atendimento devido à redução do quadro de funcionários, eles continuam procurando o HU. 

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