Para Pochmann, voo de galinha na economia do país é coisa do passado

O economista e presidente do Ipea Marcio Pochmann (Foto: ©Ricardo Mansho/Divulgação/Arquivo) São Paulo – O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, acredita que o Brasil não […]

O economista e presidente do Ipea Marcio Pochmann (Foto: ©Ricardo Mansho/Divulgação/Arquivo)

São Paulo – O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, acredita que o Brasil não voltará a ter “voos de galinha” na economia, como ficaram conhecidos os períodos curtos e de baixo crescimento na década de 1990 e no início do novo século.

“As três últimas eleições consagram a visão que não permite que o Brasil tenha ‘voos de galinha’, que conviva com crescimento econômico baixo, desemprego e pobreza”, afirmou Pochmann durante seminário promovido pela Agência Carta Maior na segunda-feira (12) em São Paulo. O presidente do Ipea pensa que as vitórias eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff consolidaram a formação de uma maioria política que aposta na via do desenvolvimento como instrumento de promoção do bem-estar social e de redução da pobreza. 

Ele admite, porém, que se trata de uma maioria heterogênea que coloca em disputa dois caminhos diferentes para o crescimento econômico robusto. De um lado, a crença na consolidação de um país exportador de produtos primários, o que garante bons resultados para o Produto Interno Bruto (PIB), mas resulta na criação de empregos de baixa qualidade e em dificuldades para a distribuição de renda. De outro, a leitura de que o Brasil deve se transformar em um produtor de materiais de alto valor agregado, com vagas de trabalho de qualidade e promoção da equidade social. 

Pochmann argumenta que a saída encontrada para a primeira etapa da crise financeira mundial iniciada em 2008 foi a demonstração de que há a negação da volta aos tempos de “voo de galinha”. Na ocasião, o Ministério da Fazenda optou por uma estratégia anticíclica, ou seja, de caminhar na contramão da tendência mundial desenhada para a economia.

A aposta na força do mercado interno, por meio de estímulos de crédito ao consumo e do fortalecimento dos programas de transferência de renda, e a colocação dos bancos públicos a serviço do financiamento da economia doméstica foram vistos como fatores fundamentais para que o país não sofresse efeitos mais drásticos da desaceleração mundial. “Antes, saídas para crises eram basicamente cortes de gastos, políticas recessivas, de redução de investimentos e de programas de promoção social”, pontua.

O presidente do Ipea vê na recente decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de cortar em meio ponto a taxa básica de juros da economia uma reafirmação deste caráter pró-crescimento. No último dia 31, o Copom reduziu a Selic para 12% ao ano em um momento em que as projeções para a expansão do Produto Interno Bruto neste ano mostravam uma tendência de queda.

“Sou otimista quanto à possibilidade de o Brasil adotar políticas pós-neoliberais”, afirma Pochmann. Para ele, a crise se transforma em uma oportunidade para aumentar a integração regional e para promover uma reforma tributária que taxe os mais ricos e isente os mais pobres do pagamento de impostos.