Adolescente é morto no Chile durante protesto contra Piñera

Repressão policial a manifestantes ao final das 48 horas de greve geral no país terminou com 456 presos e 78 feridos. Não há confirmação sobre autoria do crime

Repressão policial marcou o fim dos protestos no Chile, adolescente baleado morreu nesta sexta (26) (Foto: © Victor Ruiz Caballero/Reuters)

São Paulo – Com um tiro no peito, um adolescente chileno de 14 anos morreu na manhã desta sexta-feira (26). O disparo ocorreu no dia anterior, durante protestos na capital do país, Santiago. A quinta-feira (25) assistiu ao segundo dia de greve nacional, com uma série de manifestações que levaram 250 mil às ruas com críticas ao governo do presidente Sebastián Piñera relacionadas à educação, à legislação trabalhista e ao modelo de exploração do cobre, principal fonte de dividendos para a economia do país.

Segundo a mídia local, Manuel Gutierrez Reinoso foi alvejado em Macul, uma das comunas que compõem o município de Santiago, quando estava perto de barricada da polícia. Não houve confirmação oficial de que o tiro tenha partido dos carabineiros (força de segurança do país), mas testemunhas dizem ter ouvido  disparos quando uma patrulha de polícias passava pelo local.

Outro jovem, Mario Parraguez Pinto, de 18 anos está em estado grave também ferido por um disparo, que lhe atingiu no olho. A polícia promete abrir inquérito para apurar os casos.

As passeatas, que começaram pacíficas na quarta-feira (24), terminaram com repressão aos manifestantes na noite de quinta. A polícia afirma que teriam ocorrido saques em alguns pontos da cidade. Os manifestantes atiraram balões com tinta sobre os policiais. O saldo foi de 456 presos e 78 feridos –17 carabineiros.

A mobilização de 48 horas incorporou mais profundamento os sindicatos de trabalhadores e partidos políticos de oposição aos protestos iniciados há três meses por estudantes e professores. Inicialmente, a principal reivindicação era a demanda de educação gratuita e de qualidade, com reversão do modelo educacional.

A educação, mesmo a promovida por escolas particulares, é mantida no Chile por meio de subsídios. Durante o governo autoritário de Augusto Pinochet, o sistema foi colocado desse modo com a crença de que a competição entre unidades públicas e privadas seria benéfica à qualidade do ensino. No caso das universidades, mesmo as públicas cobram mensalidades, o que exige que estudantes se endividem para custear os estudos.

A série de protestos é a maior desde a redemocratização do país, em 1990. As entidades sindicais reivindicam mudanças nos sistemas de aposentadoria, de saúde pública e de impostos, além de uma reforma constitucional para retirar da iniciativa privada a maior parte dos lucros com a exploração de minas de cobre.

Com informações da Reuters e Agência Brasil

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