Servidores consideram aprovação rápida de aumento para Kassab como ‘agressão’

Enquanto prefeito e secretários conseguem reajuste elevado, reajuste do funcionalismo foi de 0,01%

Salário de Kassab poderá alcançar R$ 24 mil (Foto: Roberto Navarro)

São Paulo – O aumento de salário do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM, rumo ao PSD), é uma “agressão” aos servidores públicos da capital paulista, reage a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep-SP), Irene Batista. As várias categorias do funcionalismo público paulistano receberam reajuste de 0,01% nos salários no último dia 1º de maio e realizam, desde então, uma série de protestos por reposição salarial de 39%.

“Como é que ele se dá o aumento?”, criticou a dirigente. “Como estamos em um processo de negociação, temos até documento assinado com o compromisso da prefeitura em estudar o caso. Aí ocorre que, nesse meio-tempo, sai o reajuste do prefeito.” Para ela, a medida desrespeita as reivindicações que os servidores têm feito há dois meses.

Em um só dia, na quinta-feira (30), o Projeto de Lei 303/01 passou pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal – em sessão de duas horas – e em primeira votação no plenário. O texto concede reajuste ao salário de Kassab, que passará de R$ 20 mil para R$ 24 mil. A vice-prefeita, Alda Marco Antonio (PMDB), e os secretários municipais também recebem reajustes, que chegam a 250%. Segundo a Agência Estado, o impacto nas contas públicas será de R$ 4,8 milhões ao ano. Foram 37 votos a 12. A segunda votação está programada para ocorrer em sessão extraordinária neste sábado (2).

Irene ressalta ainda a última reunião entre uma comissão com representantes do Sindsep e a Secretaria de Gestão e Planejamento. Na ocasião, foi informado que a prefeitura não teria condições de apresentar índice de reajuste às categorias. “É uma incoerência do prefeito e dessa administração em relação à valorização que ele dá ao conjunto dos trabalhadores e o valor que ele dá a si mesmo”, criticou.

O único avanço apresentado nas negociações até o momento é a aprovação das gratificações e piso dos funcionários do serviço funerário – de R$ 545 para R$ 630 – que alcançaria um número pequeno de trabalhadores. “Questionamos na Câmara Municipal a extensão das gratificações para o pessoal da funerária, mas 3 mil celetistas das autarquias ficaram de fora”, destacou a dirigente.

Os servidores aguardam para meados de agosto a resposta oficial da prefeitura sobre o reajuste de 39% – que representa reposição salarial de 2005 até 2011 – mudança na lei salarial, negociação da pauta de saúde, revisão dos planos de carreira e gratificações aos aposentados.